quarta-feira, 27 de abril de 2016

Dando nomes aos bois: os atores que movem o impeachment

Fundamentalmente, duas grandes coalizões tocam o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A primeira é uma coalizão político-parlamentar. Aécio, Cunha e Temer são seus principais líderes. Aécio e Cunha não ganharam as eleições, mas querem governar. Cunha dispensa comentários. Às favas as regras do jogo democrático.

No parlamento, a bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) é o instrumento dessa coalizão para efetivar o golpe. Conforme informou a Agência Pública de Jornalismo, 

em ordem decrescente, votaram pelo impeachment as bancadas da bala (88,24%), empresarial (85,32%), evangélica (83,85%), ruralista (82,93%), da mineração (79,12%) e dos parentes (74,49%), formada por deputados com familiares na política. Nesses grupos, o porcentual de apoio ao impedimento foi superior ao valor registrado na votação de domingo, que resultou em 71,54% das manifestações pelo impeachment se considerados todos os deputados, com 367 votos – o que fez com que o processo seguisse para o Senado Federal. A bancada da bola ficou bem próxima desse patamar, uma vez que 71,43% dos seus integrantes votaram “sim”.

Não vou ficar citando, aqui, nomes de sub-celebridades que compõem a bancada BBB. Basta uma pesquisa na Internet e todos saberão...

Importante, aqui, um comentário sobre o papel do PMDB nesse imbróglio: entre os vários erros do PT, na sua empreitada no e pelo poder, um deles foi acomodar-se e acovardar-se nessa engrenagem perversa à brasileira (o "é dando que se recebe tupiniquim") conhecida como “presidencialismo de coalizão” e fiar-se, como donzela, no partido mais fisiológico do país, que até mesmo no processo da decantada redemocratização negociou cada centímetro para acomodar suas raposas e, em todas as ocasiões possíveis, usurpar do poder: inclusive, emplacando presidentes pelas vias indiretas como quer, mais uma vez, o vice Michel Temer. Porém, os significados da traição peemedebista na votação do impeachment e na postura repugnante de Temer ganham um contorno ainda mais emblemático (e simbólico) por se tratar de uma agremiação que usufruiu do poder ao seu bel-prazer durante os últimos 14 anos e, quando chamado à responsabilidade pelos erros do governo (no qual mamou até a última "gota de leite"), traiu vergonhosamente uma mulher honesta e com as mãos limpas. 

Como é de conhecimento nacional, boa parte da turma do PMDB que apoiou o governo (e o PT sempre soube disso) tem rabo preso (não obstante as vistas grossas do sistema de justiça da casa grande): muitos, atolados na lama da corrupção até o pescoço há décadas; outros, que gerenciaram a corrupção durante os anos do governo petista em seus postos-chave nas estatais, agências públicas e ministérios; outros tantos, que se beneficiaram direta e indiretamente do governo para se favorecerem de formas variadas em seus estados, municípios, além do plano federal, etc. etc... Salvo exceções (e elas existem) trata-se de uma agremiação usurpadora, por natureza. Está no seu DNA. Explico: quando o antigo MDB (das lutas democráticas e populares contra a ditadura) começou a acomodar os espertalhões de todas as extirpes e dos variados recantos nacionais no processo de redemocratização transformando-se em PMDB, nascia o partido mais fisiológico e oportunista da nação. Dos emedebistas históricos restam poucos; daqueles que honram a bandeira original do partido, são raríssimos.

A outra coalizão pode ser denominada de midiática-jurídica-empresarial-elitista. Congrega os poderosos grupos de mídia nacionais (liderados pela Globo, Abril e Folha); uma juristocracia (incrustrada em vários segmentos da advocacia, dos Ministérios Públicos de estados e da União e na magistratura, liderada por Janot e Moro, com a anuência do STF); o segmento empresarial cuja mentalidade nos remete a um capitalismo colonial, antinacional e extrativista (liderado pela Fiesp, na figura de Skaf) e grupos elitistas, principalmente alguns segmentos da classe média (historicamente acostumados com privilégios e não com direitos universais, ao invés de usarem seu poderio político de vocalização de demandas e formação da agenda pública para lutar por justiça social e equidade, ou seja, contra a concentração de renda nas mãos de poucos, direcionam um discurso odioso contra os pobres, as políticas de transferência de renda e para aqueles políticos e partidos que representariam tais extratos socioeconômicos).

Essas duas grandes coalizões lideram um processo político, sem fulcro na legalidade e legitimidade, apesar dos contorcionismos que já foram feitos e outros tantos que virão para dar uma pseudoconstitucionalidade ao golpe. Neste sentido, é curioso (e ridículo) o fato de o senador Antônio Anastasia (PSDB), ilustre professor de direito constitucional, ter sido escolhido para relatar o processo, no Senado.

Expliquemos: Dilma está sofrendo um processo de impeachment por praticar “pedaladas fiscais”, porque atrasou o pagamento a bancos públicos - no caso para garantir o Plano Safra (2015), o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família (2014), sem que tivesse sido registrado nenhum prejuízo para os bancos ou para o Tesouro. Já o relator do impeachment, senador Anastasia (que juntamente com Aécio - que perdeu as eleições e não aceita a derrota-, governaram Minas por longos 12 anos), ambos, quando foram governadores, recorreram várias vezes às “pedaladas fiscais”, tendo, inclusive, sendo feito um Termo de Ajustamento de Conduta (ou Gestão) por não terem conseguido cumprir a aplicação devida dos recursos constitucionais de saúde e educação. As pedaladas de Aécio e Anastasia não envolviam bancos públicos. Mas, eram manipulações grosseiras do orçamento do estado para viabilizarem o malfadado “choque de gestão”. Segundo informou sua assessoria de comunicação, em 25 de junho de 2015, 

o Ministério Público Federal (MPF) ingressou com ação civil pública contra o Estado de Minas Gerais por descumprimento da Emenda Constitucional 29/2000, que fixou a obrigatoriedade de aplicação do percentual mínimo de 12% do orçamento em ações e serviços de saúde pública, como atendimentos de urgência e emergência, investimentos em equipamentos e obras nas unidades de saúde, acesso a medicamentos e implantação de leitos. De acordo com a ação, o governo estadual, por 10 anos, entre 2003 e 2012, descumpriu sistematicamente preceitos legais e constitucionais, “em total e absurda indiferença ao Estado de Direito”, efetuando manobras contábeis para aparentar o cumprimento da EC 29.

Lembremos, por fim, que pedaladas fiscais foram cometidas pelos presidentes anteriores e que dezesseis governadores de estado, atualmente, praticam esses malabarismos para fecharem anualmente as contas do executivo.

Portanto, no Brasil, continua em vigor o ditado: o pau que dá em Chico, NÃO dá em Francisco.

Se existisse ética na política, o senador Anastasia deveria se julgar impedido de relatar o processo. Mas, na luta política atual, às favas, também, ética.


(Publicação simultânea nos portais Dom Total e Brasil 247)

terça-feira, 26 de abril de 2016

Agência Pública: Boi, Bala e Bíblia contra Dilma

Foto: Agência Brasil

"Em ordem decrescente, votaram pelo impeachment as bancadas  da bala (88,24%), empresarial (85,32%), evangélica (83,85%), ruralista (82,93%), da mineração (79,12%) e dos parentes (74,49%), formada por deputados com familiares na política. 

Nesses grupos, o porcentual de apoio ao impedimento foi superior ao valor registrado na votação de domingo, que resultou em 71,54% das manifestações pelo impeachment se considerados todos os deputados, com 367 votos – o que fez com que o processo seguisse para o Senado Federal. A bancada da bola ficou bem próxima desse patamar, uma vez que 71,43% dos seus integrantes votaram “sim”."

Leia a reportagem completa, aqui: 



Fonte: 

segunda-feira, 25 de abril de 2016

10º encontro nacional do Movimento Nacional de Fé e Política aprova documento contra o golpe



O encontro nacional do Movimento Nacional de Fé e Política reuniu centenas de militantes de movimentos sociais e pastorais no período entre 22 e 24 de abril, em Campina Grande, na Paraíba. 

O Movimento Nacional Fé e Política (MF&P) foi criado em junho de 1989, durante um encontro de pessoas unidas pela fé cristã engajada nas lutas populares, com o objetivo de alimentar a dimensão ética e espiritual que deve animar a atividade política. Deixar-se animar pelo Espírito de vida, é a essência do Movimento Fé e Política, que não propõe diretrizes para ação política dos cristãos, nem se comporta como se fosse uma tendência político-partidária, mas que luta pela superação do capitalismo por meio da construção de um sistema sócio-econômico solidário e respeitoso da vida do Planeta. Ao longo de sua existência o MF&P promoveu encontros de estudo, dias de espiritualidade e publicou quinze Cadernos de Fé e Política. Dez anos após sua criação, atento à nova conjuntura dos movimentos sociais, o Movimento passou a promover grandes encontros nacionais de Fé e Política.

Por definir-se como um serviço de formação e estímulo a grupos de reflexão, o MF&P não é mais do que um grupo informal de serviço aos grupos de base. Sua organização é muito simples, pois, com exceção da secretária-executiva – que recebe uma ajuda de custo – todos os seus membros são voluntários que arcam até com os próprios gastos de viagem para as reuniões. Sua coordenação geral é formada por seis membros escolhidos entre os antigos militantes mais dois representantes de cada estado dos locais onde foram realizados encontros nacionais. A secretaria-executiva é encarregada de ajudar a equipe do local onde será realizado o Encontro, produzir e publicar textos que ajudem a reflexão dos grupos, alimentar a página do Movimento na internet e fazer a articulação geral entre os grupos interessados. O espaço onde tudo acontece de fato é nos grupos de base. O Movimento apenas lhes proporciona incentivos e ideias. 

No período entre os dias 22 e 24 de abril de 2016, em Campina Grande (PB), aconteceu o 10º Encontro Nacional de Fé e Política. O evento reuniu lideranças de movimentos sociais e pastorais, grupos e escolas de fé e política, sociólogos, professores, militantes, sindicalistas e estudantes vindos de todas as regiões do Brasil, na Universidade Federal de Campina Grande.

Abaixo, o vídeo com a leitura da Carta de Campina Grande, na qual os participantes do 10º encontro se posicionam contra o golpe parlamentar e midiático-jurídico-empresarial-elitista em curso no Brasil.
Carta de Campina Grande, do 10º encontro do Movimento Nacional de Fé e Política.
Nota Pública
Se também você compreendesse hoje
o caminho da Paz!
 (Lc. 19, 42)
Nós, participantes do 10º Encontro Nacional de Fé e Política, viemos a público para afirmar nossa rejeição ao golpe que está sendo executado por forças antidemocráticas e antipopulares. Não aceitamos que essas forças tomem o governo federal contrariando a vontade nacional expressa nas eleições de 2014, assim como rejeitamos o modelo econômico baseado na restrição dos direitos trabalhistas, dos programas sociais e da soberania nacional.
A votação da Câmara Federal do dia 17 de abril foi uma fraude patrocinada por pessoas corruptas e pela grande mídia, porque ficou evidente não haver crime de responsabilidade cometido pela presidenta Dilma Rousseff. Repudiamos as declarações de deputados e deputadas que usaram o nome de Deus e citações da Bíblia para justificar seu apoio à ruptura constitucional.
Conclamamos as forças democráticas e populares a se manifestarem publicamente em defesa do Estado de Direito. Comprometemo-nos a nos unir a todos os movimentos e entidades do campo democrático participando da jornada contra o golpe no dia 1º de maio.
Neste momento difícil, seremos coerentes com os princípios éticos que devem guiar a ação política.
As águas da Solidariedade e as sementes da Esperança nos firmam nesse compromisso!
Campina Grande – PB, 24 de abril de 2016.

O 10º encontro foi realizado numa parceria entre o Movimento Nacional de Fé e Política, a Universidade Federal de Campina Grande, a Diocese local e a Cáritas do Brasil.
(Com informações do site do MF&P)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Pe. Magno Marciete: Etiqueta, ética e democracia


         Em livro conhecido, talvez, de numerosos estudantes de jornalismo, no Brasil, que carrega o título “Sobre Ética e Imprensa”, a introdução diz: “a etiqueta é a pequena ética pela qual se estrutura a gramática dos cerimoniais. Ela pacifica, erguendo-se pelos gestos que representam, ritualizam-se e reafirma as relações sociais de poder: para o rei, os súditos se curvam; do bispo, beija-se o anel; os talheres, sempre de fora para dentro. A etiqueta cria um balé de sorrisos e saudações que celebram a autoridade posta, traduzindo-se numa singular estética da conduta; extrai sua beleza dos meneios em glória da hierarquia e do silêncio sobre o que se esconde nas alcovas. Ela não se pergunta do poder. Ela não inquire – nem deixa inquirir. Não por acaso, a etiqueta era o orgasmo social da aristocracia. Era a reiteração de uma ordem que havia nascido para ser eterna, bem acomodada e imutável” (BUCCI, Eugênio. Sobre Ética e Imprensa. Cia das Letras. São Paulo: 2002, p. 2-10).

         Não se perguntam a maior parte das pessoas que, quiçá seja uma maioria mesmo esmagadora, a moral dita e tão alegada por si mesmas e a própria ética arrotada possa ser uma etiqueta que não resiste à primeira prova de fogo. Falam dessa moral, dessa etiqueta, como boa educação recebida dos pais. Ela se resume a questões basilares. Não posso cuspir nos outros, devo dizer senhor, senhora, dizer bom dia, chegar cedo no trabalho, respeitar as autoridades... e muitas outras coisas do mesmo gênero. Como escreve Bucci, tudo feito para manter no imutável a ordem, sobretudo quando envolve o poder. A constituição dessa moral, dessa etiqueta, se verifica como uma estética burguesa que tende a um refinamento consequente e opressor sobre quem não detém poder algum. Em nome do poder, a etiqueta vai sendo imposta e sua linguagem dominada para fazer parecer que qualquer movimento em contrário seja logo visto como falta de bons modos, não importa qual conflito se esteja vivendo, quais jogos de interesses estejam sendo confrontados. E a mídia tem hoje sua parcela decisiva de contribuição para reforçar esse “cheiro” aspirado por toda parte, onipresente, de uma etiqueta bem formulada em “salões de festas” nos dizendo quais livros ler, pessoas ver e admirar, respeitar, venerar, bem ao modo como ilustrado em as Ilusões Perdidas de Balzac. A estes reverenciamos com etiquetas e louvores.

         Logo a moral de etiquetas etiqueta quem precisa se comportar com etiqueta, quem logo será notado se não respeitar decorosamente os rituais. Serve mais para alguns do que para outros. Serve para o poder. Esconde facilmente qualquer barbárie, porque a etiqueta não sendo ética, não tem profundida, vale pela formalidade epidérmica, se esconde em aparências, distribui incenso a quem preside a morte em nome de belos valores, como a defesa da família, e o hasteamento da bandeira do discurso de Deus sem espiritualidade, baseada também unicamente na formalidade religiosa que impõe regras, segregação, separação, ódio, sem a compaixão que aproxima, cria pontes e enobrece o caminho humano. A etiqueta não está nem no limiar da ética. É só um esboço fugaz e primitivo. Não supõe a regra de ouro: “não faça aos outros o que não queres que façam a ti”. Está antes ainda. É só uma regra comportamental. Não entra no íntimo do ser humano buscando mínima reciprocidade. Só faz você olhar para o outro como um infrator. Não é essa a formalidade de que a democracia está precisando.

         Uma convivência só de etiquetas transforma divergências em diálogos quase impossíveis e a democracia em algo a se construir diuturnamente. Por isso numa república de etiquetas o fascismo é aplaudido e não sabe separar o problema da corrupção da defesa dos direitos humanos e de qualquer direito fundamental. Aqui está o problema. Com a moral da etiqueta e dos bons costumes, da mulher bela, recatada e do lar, só com isso, nenhuma democracia pode sobreviver. Com esse imaginário pobre, doente, comida requentada de períodos anteriores às revoluções culturais do século passado (que precisam de suas dosagens), sem assumir o pluralismo requerido pelas sociedades modernas e autônomas, estamos sempre sujeitos a todas as formas de golpe. O que hora acompanhamos tem repercussões culturais profundas no Brasil, pois vem atingindo o conjunto da população de uma maneira avassaladora, dos mais jovens aos mais velhos, inclusive de maneira insuspeita naqueles que não imaginaríamos pudessem ainda ceder a esse tipo de feitiço.

         A etiqueta é a “ética” das aparências, do bom moço, da boa moça, dos que não dizem palavrões, que escondem suas falácias em regimentos, que subjugam serviçais que também usam etiquetas e sentem suas consciências serviçais apaziguadas. Não é a ética que caminhe com processos democráticos. A ética dentro da vida democrática urge um Nelson Rodrigues da sociabilidade, que desvele as mentiras da etiqueta, a desnude com um beijo no asfalto.


Pe. Magno Marciete do Nascimento Oliveira é presbítero da Diocese de Imperatriz – MA, Doutor em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Coquelândia e assessor diocesano da Pastoral Carcerária.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

O VEXAME DA VOTAÇÃO DO IMPEACHMENT NA CÂMARA

O vexame da votação da admissibilidade do impeachment no último domingo expôs para o mundo inteiro as verdadeiras razões que estão por detrás desse vergonhoso processo inquisitorial à brasileira. Uma vitória de Ali Babá e seu bando. Em nome de “deus e da família”, remetendo-nos a uma triste memória, um show deprimente foi transmitido ao vivo, para o deleite daqueles que transferem suas culpas e pecados como cidadãos, projetando-as em bodes expiatórios. Nunca pensei que um big brother global fosse superado de forma tão grotesca.

Ficou claro que há uma evidente dissociação entre a justiça e o direito, dado que no pedido que originou o processo de impedimento não há crime de responsabilidade, somente a sanha vingativa de um perverso, seguido como manada hipnotizada por um bando de inconsequentes. Assim, assistimos à instalação gradual de um estado ilegítimo (porque a presidente está sendo arrancada à força do poder) e, também, ilegal (porque esse fajuto possível impedimento não tem fulcro e amparo na Constituição). 

Se no Brasil a imprensa golpista não destacou o vexame, vejam, abaixo, o que fizeram alguns veículos da mídia internacional publicaram:

O The New York Times, o jornal mais influente dos EEUU, comentou: "Um terço dos deputados da Câmara foram acusados ou estão sendo investigados por corrupção, incluindo seu presidente, Eduardo Cunha, o homem que orquestrou o impeachment de Dilma. Cunha, que enfrenta acusações de que ele aceitou US$ 40 milhões em subornos, especialmente não gostava dela. E quase 90 por cento dos brasileiros querem que ele seja afastado da presidência da Câmara”.

O jornal inglês The Guardian registrou o circo de horrores que foi a votação e o tipo de deputados que temos: "Deputados foram chamados um por um para o microfone pelo conspirador do processo de impeachment, Cunha: um conservador evangélico que é acusado de perjúrio e corrupção. E, um por um, eles condenaram a presidente. Paulo Maluf, que está na lista vermelha da Interpol por conspiração votou sim. Também votou sim Nilton Capixaba, que é acusado de lavagem de dinheiro. "Pelo amor de Deus, sim!", declarou Silas Câmara, que está sob investigação por falsificação de documentos e apropriação indevida de fundos públicos."

O jornal irlandês The Irish Times classificou os deputados federais brasileiros de palhaços e disse que se comportaram como bêbados em jogo de futebol: “Quando um dos mais amados palhaços do Brasil, Tiririca,  foi eleito para o Congresso em 2010 houve muito ranger de dentes entre os comentaristas sobre sua vitória  e o que isso significava sobre a direção da política do país. Mas no domingo, quando a Câmara votou sobre a possibilidade de cassar a presidente Dilma Rousseff sobre as acusações de que ela violou leis orçamentárias, ficou claro que Tiririca não só se encaixa bem, mas está longe de ser o maior palhaço no bloco político. Na mais importante sessão da Câmara em quase um quarto de século muitos de seus membros comportaram-se como palhaços ou fãs de futebol bêbados num jogo local”.

O mais respeitado comentarista político de Portugal,  Miguel Sousa Tavares,  afirmou na SIC, uma das principais emissoras de TV daquele país, que nunca viu o Brasil descer tão baixo e, que o que se viu no Congresso ultrapassa tudo: “Nunca se viu o Brasil descer tão baixo. O que se viu foi uma assembleia geral de bandidos comandada por um bandido - Eduardo Cunha – fazendo a desconstituição de uma presidenta sem qualquer base jurídica e constitucional, mas sobretudo com uma falta de dignidade de arrepiar”. O comentarista acredita que nada do que se passou vai resolver a situação brasileira, nem mesmo a questão econômica. Afirmou, ainda, que a situação brasileira está madura para um golpe militar.

O site alemão Die Zeit afirmou que a votação na Câmara "mais parecia um carnaval" e que uma pessoa desavisada que visse a sessão não poderia ter ideia da gravidade da situação. "Nesse dia decisivo para o destino político da sétima maior economia do mundo, o que se viu foram horas de deputados aos berros, que se abraçavam, tiravam selfies e entoavam canções". E mais: "Nos discursos dos representantes do povo havia tudo o que se possa imaginar: lembranças aos netos, xingamentos contra a educação sexual nas escolas, paz em Jerusalém, elogio a um torturador do antigo governo militar, o jubileu de uma cidade e assim por diante".

O El País, principal meio de comunicação da Espanha, registrou: “Deus, onipresente numa votação que nada tinha ver com ensinamentos bíblicos, foi apelado até para tomar o comando e as famílias dos parlamentares pareceram ter sido mais motivadoras para derrubar a presidenta do que qualquer negociação. Não estranha em um Congresso cheio de fundamentalistas religiosos e que possui o maior percentual de deputados com familiares políticos desde as eleições de 2002. O nepotismo na Câmara revela-se ao ver 49% dos deputados federais com filhos pais, avôs, mães, esposas ou irmãos atuando em política, segundo um estudo da Universidade de Brasília. É o maior índice das quatro últimas eleições. Após quase cinco horas de votação, Deus e os netos dos deputados derrubaram a presidenta do Brasil”.

Além de discursos horripilantes e abjetos e sua péssima repercussão internacional, cenas como a declaração de voto de Bolsonaro, o maior representante de um segmento nefasto da política nacional (digno de compaixão - porque devemos enxergar dignidade na vida que pulsa naquela carcaça), tivemos o mais fiel retrato de uma casa legislativa que não nos representa. Somente cerca de 40 dos 513 deputados federais tiveram votos suficientes para se eleger. Significa que mais de 90% (noventa por cento) deles devem o mandato a restos de votos (da coligação ou do partido), por causa do chamado coeficiente eleitoral. 

Passado o deprimente espetáculo grotesco, agora resta ao cidadão o direito que tem de se contrapor à coalizão parlamentar-midiático-jurídico-elitista-empresarial que quer se impor à força; de lutar de todas as formas contra os usurpadores do poder que se impõem através de um estado de terror, censura ou violências contra as garantias sociais. A princípio, é legítima a ação contra um governo ilegal e ilegítimo.

A verdadeira mudança só virá com a força das massas! Enquanto o novo não nasceu, lutemos contra as velhas oligarquias e a plutocracia nacionais. 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

SOBRE O ESTADO ILEGÍTIMO E ILEGAL E O DIREITO À REBELIÃO

É preciso refletir com calma e serenidade, mas, também, com coragem.  Nesse domingo, 17 de abril, assistimos a um golpe parlamentar. A vitória de Ali Babá e seus 400 ladrões, à brasileira. Em nome de “deus e da família”, remetendo-nos a uma triste memória, um show deprimente transmitido ao vivo. Nunca pensei que um big brother global fosse superado de forma tão grotesca.

Porém, conhecendo o perfil pífio da Câmara, francamente, o resultado não tem nenhuma surpresa!

Quem perdeu foi a nossa frágil democracia, que depois de menos de 30 anos da "redemocratização", teve sua constituição rasgada em público, para o delírio de um grupo minoritário, mas muito poderoso que luta ferozmente pelo retorno de um país de e para poucos. Reveses fazem parte das nossas vidas e das histórias das nações. Não nos acomodemos. Incomodemos!

Não confio numa reversão do golpe parlamentar por parte do Poder Judiciário. Salvo exceções e espasmos, a justiça em nosso país sempre esteve a serviço da casa grande. Quem conhece o sistema de justiça criminal, por exemplo, sabe disso: estado penal para os pobres; estado constitucional para os ricos. No plano político, o fato de o Supremo nunca ter revisado a lei de anistia autoriza, simbólica e na prática, a barbárie praticada cotidianamente por agentes do estado. Falar do sistema de justiça significa falar de uma casta jurídica conservadora e elitista infiltrada em diferentes agências, órgãos e poderes do Estado. Sem uma profunda reforma no sistema de justiça brasileiro não há democracia de fato; só "de direito(a)".

As investidas golpistas ao longo dos últimos meses explicitaram, até para a mídia liberal-democrática norte-americana, que os oligopólios da imprensa brasileira se consolidaram como um cartel, altamente corrupto e manipulador. É preciso, também, enfrentar essa máfia.

Consideraremos, também, que os que lutam para definir os rumos das nações (não somente no Brasil) são os donos do dinheiro. A economia substitui, cada vez mais, a política. Porém, em nosso país, o capitalismo atrasado do século 19 (que sequer teve a competência de construir uma forte indústria nacional ao longo dos últimos dois séculos), aliado a políticos dos partidos neoliberais formam uma ampla coalização cujo modus operandi não tem limites éticos e é antinacionalista.

Por outro lado, apesar de importantes na democracia representativa, os partidos nacionais, salvo raríssimas exceções, se transformaram em confrarias voltadas somente para a confabulação do crime organizado com vista a assaltarem o erário.

Como já escrevi, quem pode barrar esse vergonhoso golpe parlamentar e midiático-jurídico-elitista-conservador-empresarial é o povo nas ruas (manifestações, greves gerais, etc.). Tudo, preferencialmente, dentro dos limites da lei e com respeito à diversidade de opiniões. 

Lembrando que há sempre o direito à resistência e à rebelião frente a governantes de origem ilegítima (mesmo travestidos de alguma “legalidade”).

Portanto, enquanto continuamos o bom combate nas redes e nas ruas e aguardamos as posições do Senado e do STF (instituições nas quais não deposito esperanças!), pensemos: quando há evidente dissociação entre a justiça e o direito (dado que no pedido que originou o processo de  impedimento não há crime de responsabilidade), temos instalado um estado ilegítimo (porque a presidente está sendo arrancada à força do poder) e, no caso, também, ilegal (porque esse fajuto possível impedimento não tem fulcro e amparo na Constituição). 

Até mesmo a tradição política liberal conservadora admite (desde John Locke), o direito que todo cidadão tem de se contrapor ao tirano; de lutar de todas as formas contra os usurpadores do poder que se impõem através de um estado de terror, da força, censura ou violências contra as garantias sociais. Portanto, há que se considerar: a princípio, é legítima a ação contra um governo ilegal e ilegítimo.

Os que acreditam numa democracia de fato, para além da democracia de direito(a), têm, agora, novos desafios.  Alegres, porque sabemos o que defendemos, e com a cabeça erguida vamos à luta pela democracia de e para todas e todos.

A verdadeira mudança só virá com a força das massas! Enquanto o novo não nasceu, lutemos contra as velhas oligarquias e a plutocracia nacionais. 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

PROFESSORES DA PUC MINAS MANIFESTAM-SE EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO


Um grupo de professores(as) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) divulgou, em meados de abril, uma carta aberta intitulada “EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DA LEGALIDADE E DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO”.

Leia, abaixo, o documento assinado por 258 professores(as) e pesquisadores(as) de diversas áreas, cursos e departamentos da Instituição, e veja os(as) docentes que assinaram o documento.

EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DA LEGALIDADE E DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
Comprometidos com a democracia e suas instituições, nós, professores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, considerando:
a)     nossa preocupação com o aprofundamento da desestabilização das instituições, que pode colocar em risco o efetivo Estado Democrático de Direito e o respeito aos Poderes constituídos;
b)    a necessidade da defesa do pleno exercício das instituições responsáveis pelo cumprimento das leis, garantindo o amplo direito de defesa e o direito ao contraditório;
c)     a necessidade da ação isonômica do Poder Judiciário para a prevalência da justiça e da correção pública;
d)    os perigos da espetacularização e midiatização de processos judiciais, das ações do Ministério Público e da Polícia Federal, marcados pela superficialidade e parcialidade que insuflam as polarizações no plano político-partidário e o recrudescimento de conflitos;
e)     a arriscada disseminação de discursos de intolerância, no âmbito da mídia comercial e de redes sociais, que compromete a convivência democrática entre cidadãos brasileiros, participantes de uma sociedade plural;
f)      as propostas simplistas e autoritárias para a superação da crise política e institucional, que atendem não ao interesse público, mas a interesses escusos de grupos políticos, econômicos e de camadas sociais;
g)     a implementação de um infindável e perigoso jogo político, que leva à soma zero, no qual governo, oposições, instituições e outros organismos sociais, todos, só perdem;
juntamo-nos a milhões de brasileiros e brasileiras que exigem o respeito à Constituição bem como às regras do jogo democrático e conclamamos as lideranças do mundo político, das instituições e entidades sociais para assumirem o compromisso de uma concertação que possibilite a superação da crise político-institucional, sem a quebra da ordem democrática, criando condições objetivas para a superação dos atuais impasses.
Certos de que a saída deve se realizar por meio do debate político e não de estratégias e expedientes de natureza judicial ou policial, apelamos às lideranças responsáveis pelas instituições da República que chamem para si a responsabilidade de construir essa conciliação nacional, fazendo com que prevaleça, nessa construção coletiva, o compromisso com os princípios democráticos e republicanos, historicamente conquistados, que devem nortear, de modo efetivo, os rumos da Nação e o respeito ao povo brasileiro.

SIGNATÁRIOS:


1.       Adalberto Antônio Batista Arcelo (Departamento de Direito)
2.       Adilson Schultz (Departamento de Ciências da Religião)
3.      Adriana Diniz de Deus (Departamento de Medicina)
4.      Adriana Machado Simões (Departamento de Ciências Sociais)
5.      Adriana Penzim (Departamento de Psicologia)
6.      Adriana Torres Máximo Monteiro (Faculdade de Psicologia)
7.      Adriane Maria Arantes de Carvalho (Departamento de Administração)
8.      Adriano Ventura (Departamento de Comunicação Social e Teologia)
9.      Alessandra Girard (Departamento de Comunicação Social)
10.   Alessandra Girard (Departamento de Comunicação Social)
11.    Alexandre Eustáquio Teixeira (Departamento de Ciências Sociais)
12.   Alexandre Veloso de Abreu (Departamento de Letras)
13.   Alícia Duarte Penna (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
14.   Aline Aguiar Mendes (Departamento de Psicologia/Faculdade de Psicologia)
15.   Amarildo Fernando (Departamento de Ciências da Religião)
16.   Amauri Carlos Ferreira (Departamento de Educação)
17.   Ana Luísa de Castro Almeida (Departamento de Comunicação)
18.   Ana Maria Coutinho (Departamento de História)
19.   Ana Maria Rodrigues de Oliveira (Faculdade de Comunicação e Artes)
20.  Ana Maria Rodrigues de Oliveira (Faculdade de Comunicação e Artes)
21.   Ana Selva Albinati (Departamento de Filosofia)
22.  André Costa Braga Soares (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
23.  Andréa Milagres (Faculdade de Psicologia)
24.  Andreia dos Santos (Departamento de Ciências Sociais)
25.  Anete Roese – Departamento de Ciências da Religião
26.  Angela Maria Siman (Departamento de Ciências Sociais)
27.  Anna Rachel Gontijo Mazoni (Departamento de Educação Física)
28.  Antonio Geraldo Cantarela (Departamento de Ciências da Religião)
29.  Antônio Grillo (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
30.  Arabie Bezri Hermont (Departamento de Letras)
31.   Armindo dos Santos de Sousa Teodósio (Programa de Pós-Graduação em Administração)
32.  Audemaro Taranto Goulart (Departamento de Letras)
33.  Áurea Marin Burocchi (Departamento de Teologia)
34.  Aurino José Góis (Departamento de Ciências da Religião)
35.  Ayrton Hugo de Andrade e Santos (Departamento de Engenharia Civil)
36.  Betania Diniz Gonçalves (Faculdade de Psicologia)
37.  Beth Miranda (Departamento de Comunicação Social)
38.  Bonifácio José Teixeira (Museu de Ciências Naturais)
39.  Bruno Vasconcelos de Almeida (Departamento de Psicologia)
40. Caio César Boschi (Departamento de História)
41.   Caio César G. Oliveira (Faculdade de Comunicação e Artes)
42.  Camilo de Lelis Oliveira Santos Ribeiro (Departamento de Ciências da Religião)
43.  Carla Ferretti Santiago (Departamento de História)
44. Carlos Vasconcelos Rocha (Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais)
45.  Carlos Aurélio Pimenta de Faria (Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais)
46. Carlos Frederico Barboza (Departamento de Ciências da Religião)
47.  Carlos Leonardo Gomes Cezar Vieira (Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde - ICBS) 
48. Carlos Roberto Jamil Cury (Departamento de Educação)
49. Carolina de Castro Jannotti (Departamento de Direito)
50.  Célio de Pádua Garcia (Departamento de Ciências da Religião)
51.   Claudemir Francisco Alves (Departamento de Filosofia)
52.  Claudia Guimarães Costa (Museu de Ciências Naturais PUC Minas)
53.  Claudia Vial (Departamento arquitetura e urbanismo)
54.  Clovis Alves Caldas Filho (Departamento de Filosofia)
55.  Cristiana Leite Carvalho (Departamento de Odontologia)
56.  Cristiane Neri Nobre (Departamento Ciência da Computação)
57.  Cristiano Anderson Bahia (Departamento de Ciências da Religião)
58.  Cristiano de Melo Bastos (Faculdade Mineira de Direito)
59.  Cristina Almeida Cunha Filgueiras (Departamento de Ciências Sociais)
60. Daniella Lopes Dias Ignácio Rodrigues (Departamento de Letras)
61.   Danilo Aroeira de Pinho Tavares (Departamento de Comunicação Social)
62.  Dea Fonseca (Departamento de Filosofia)
63.   Débora Maria David da Luz (Departamento de Serviço Social)
64. Denise Borille de Abreu (Departamento de Letras)
65.  Denise de Castro Pereira (Departamento de Administração)
66. Denise Pirani (Departamento de Ciências Sociais)
67.  Dilma Silva (Departamento de Ciências da Religião)
68. Dimas Antônio de Souza (Departamento de Ciências Sociais)
69. Dineia Domingues (Faculdade de Psicologia)
70.  Douglas Cabral Dantas (Departamento de Filosofia e Teologia)
71.   Edison Gomes (Departamento de História)
72.  Edmar Avelar de Sena (Departamento de Ciências da Religião)
73.  Eduardo Alberti Carnevali (Departamento Administração)
74.  Eduardo Bittencourt (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
75.  Edward Neves M. de B. Guimarães (Departamento de Ciências da Religião)
76.  Eliane Scheid Gazire (Pós-Graduação de Ensino em Matemática)
77.  Elizabete Beling Caetano da Silva (Departamento de Psicologia)
78.  Eline Rennó (Departamento de Psicologia)
79.   Ellen Joyce Marques Barros – Faculdade de Comunicação e Arte
80. Ercio Sena (Faculdade de Comunicação e Artes)
81.   Érica Adriana Costa Zanardi - Faculdade Mineira de Direito
82.  Eurides Rodrigues (Departamento de Ciências da Religião)
83.  Evângela B. R. de Barros (Departamento de Letras)
84. Evaldo Apolinário (Departamento de Ciências da Religião)
85.  Fernando Carneiro Machado Ennes (Departamento de Educação Física)
86. Fernando Pacheco do Nascimento (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
87.  Flávio Augusto Senra Ribeiro (Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião)
88. Flávio de Jesus Rezende (Departamento de Física)
89. Francirene Gripp de Oliveira (Departamento de Letras)
90. Gabriela Araújo Medeiros (Faculdade de Psicologia)
91.   Gabriela Pires Machado (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
92.  Gilberto Xavier da Silva
93.  Giseli do Prado Siqueira (Departamento de Ciências da Religião)
94. Giselle Moraes da Fonseca Diniz (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
95.  Glória Gomide (Faculdade de Comunicação e Artes)
96. Guaracy Araújo (Departamento de Filosofia)
97.  Helder de Souza Silva Pinto (Departamento de Ciências da Religião)
98. Heloísa Cançado Lasmar (Faculdade de Psicologia)
99. Herbert José Teixeira (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
100.                     Hugo Mari (Programa de Pós-graduação em Letras)
101.    Ibraim Vitor de Oliveira (Departamento de Filosofia)
102.   Isabela Saraiva de Queiroz (Departamento de Psicologia)
103.   Ivete Lara Camargos Walty (Departamento de Letras)
104.   Jacqueline de Oliveira Moreira (Faculdade de Psicologia)
105.   Jacyra Antunes Parreira (Departamento de História)
106.   Jane Quintiliano (Departamento de Letras)
107.   Joana Darc Silva Pinto (Departamento Engenharia Civil)
108.   Joelcio Fernandes Pinto (Departamento de Educação Física)
109.   José Carlos Dias (Departamento de Ciências da Religião)
110.    José Coelho de Andrade Albino (Faculdade de Comunicação e Artes)
111. José Francisco Braga (Departamento de Comunicação Social)
112.José Luiz Quadros de Magalhães (Faculdade Mineira de Direito)
113.José Maria de Morais (Departamento de Comunicação Social)
114.    José Martins dos Santos Neto (Departamento de Ciências Sociais)
115.José Mauro Silva Vidigal (Departamento de Educação Física)
116.    José Milton dos Santos Neto (Departamento de Ciências da Religião)
117. José Ruiz Guillén (Departamento Ciências da Religião)
118.    Josiane Andrade Militão (Departamento de Letras)
119.    Josimar Azevedo (Departamento Ciências da Religião)
120.   Júlia Calvo (Departamento de História)
121.Juliana Alves Assis (Programa de Pós-Graduação em Letras)
122.    Juliana de Lima Passos Rezende (Departamento de Ciências Biológicas) -
123.    Juliana Gonzaga Jayme (Departamento de Ciências Sociais)
124.   Júlio Aguiar de Oliveira (Faculdade Mineira de Direito)
125.    Júlio César Buére (Departamento de Relações Internacionais)
126.   Jussara Grosch Ludgero Ramos (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
127.    Karina Junqueira (Departamento de Ciências Sociais)
128.   Keli Carvalho Nobre de Souza (Departamento de História)
129.   Késia Aparecida Teixeira Silva (Departamento de Administração).
130.   Léa Souki (Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais)
131.Leonardo Isaac Yarochewsky (Faculdade Mineira de Direito)
132.    Lídia M. L. P. Ribeiro de Oliveira (Departamento de Filosofia)
133.    Lorene dos Santos (Programa de Pós-Graduação em Educação)
134.   Lúcia Karine de Almeida (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
135.    Lúcia Lamounier Sena (Departamento de Ciências Sociais)
136.   Luciana Andrade (Departamento de Ciências Sociais)
137.    Luciana Barreto Nascimento (Departamento de Ciências Biológicas)
138.   Luciano Cortez e Silva (Departamento de Letras)
139.   Lucimar Magalhães de Albuquerque (Faculdade de Psicologia)
140.   Lúcio Mauro Pereira – Departamento de Ciência da Computação 
141.    Luiz Carlos Castello Branco Rena (Departamento de Psicologia)
142.   Luiz Flávio Freitas Barbosa de Oliveira (Instituto de Ciências Exatas e Informática)
143.   Magali Reis (Departamento de Educação)
144.   Manoel de Almeida Neto (Departamento de Ciências Sociais)
145.   Manoel Teixeira Azevedo Junior (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
146.   Marcela Sobreira Silva - Departamento de Psicologia
147.   Marcelo Cedro (Departamento de História)
148.   Marcelo Eduardo Zanetti (Departamento de Geografia)
149.   Marcelo José Caetano (Departamento de Filosofia)
150.   Marcia Mansur Saadallah (Faculdade de Psicologia)
151.Márcia Marques de Morais (Programa de Pós-Graduação em Letras)
152.    Marcio de Vasconcellos Serelle (Departamento de Comunicação Social)
153.    Marco Antônio Azevedo (Departamento de Psicologia)
154.   Marco Antônio de Azevedo (Departamento de Psicologia)
155.    Marcos Roberto do Nascimento (Departamento de Ciências Sociais)
156.   Marcus Vinicius Bonfim Ambrosio (Departamento de Educação Física)
157.    Margareth de Paula Ambrosio (Departamento de Educação Física)
158.   Maria Angela Paulino Teixeira Lopes (Departamento de Letras)
159.   Maria Auxiliadora da Silva (Faculdade de Psicologia da PUC Minas)
160.   Maria Beatriz de Castro Silva (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
161.    Maria Cristina Soares Magalhães (Departamento Serviço Social)
162.   Maria da Consolação Gomes de Castro (Departamento de Serviço Social)
163.   Maria de Fátima Pereira Rossi (Departamento de Administração)
164.   Maria de Fátima Santos Gottschalg (Departamento de Serviço Social)
165.   Maria Elisa Baptista (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
166.   Maria Ester Saturnino Reis (Departamento de História)
167.   Maria Eulália Moreira (Departamento de Assistência Social)
168.   Maria Ignez Costa Moreira (Faculdade de Psicologia)
169.   Maria Jose Gontijo   Salum (Faculdade de Psicologia)
170.   Maria Luiza Marques Cardoso (Faculdade de Psicologia)
171.Mariana Gudes Raggi (Departamento de Geografia)
172.    Mariana Veríssimo Soares de Aguiar e Silva (Departamento de Educação)
173.    Marilia de Castro Silva (Departamento de Ciências Sociais)
174.   Mário Cléber Martins Lanna Júnior (Departamento de História)
175.    Mário Francisco Ianni Viggiano (Faculdade de Comunicação e Artes)
176.   Mário Lucio Pereira Junior (Departamento de Arquitetura e Urbanismo) 
177.    Marise Myrrha de Paula e Silva (Departamento de Letras)
178.   Maristela Júlia Fernandes (Faculdade de Psicologia)
179.   Marlene Buzinari (Faculdade de Psicologia)
180.   Maura Eustáquia de Oliveira (Faculdade de Comunicação e Artes)
181.    Maxiliano Perdigão dos Santos (Departamento de Engenharia Civil)
182.   Meire Pena (Departamento de Ciências Biológicas)
183.   Miguel Ângelo Andrade (Departamento de Ciências Biológicas)
184.   Milton do Nascimento (Programa de Pós-Graduação em Letras)
185.   Moisés Augusto Gonçalves
186.   Mônica Eustáquio Fonseca (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
187.   Mônica Hallak Martins da Costa (Departamento de Serviço Social)
188.   Mozahir Salomão Bruck (Programa de Pós-graduação em Comunicação Social)
189.   Myrian Martins Álvares (Departamento de Ciências Sociais)
190.   Natália Cristina Batista (Departamento de História)
191.    Onofre dos Santos Filho (Departamento de Relações Internacionais)
192.   Pablo Moreno Fernandes Viana (Departamento de Comunicação Social)
193.   Patricia Eliane de Melo (Faculdade de Psicologia)
194.   Patrícia Pinto de Paula (Faculdade de Psicologia)
195.   Paulo Agostinho Nogueira Baptista (Departamento de Ciências da Religião)
196.   Paulo Antônio Couto Faria (Departamento de Ciências da Religião)
197.   Rachel de Castro Almeida (Departamento de Ciências Sociais)
198.   Rafael Pacheco Mourão (Instituto de Ciências Humanas)
199.   Ramilson Noronha Santiago (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
200.  Raquel Alves Furtado (Departamento de Administração)
201.   Raquel Beatriz Junqueira Guimarães (Programa de Pós-Graduação em Letras)
202.  Regina Coeli de Oliveira (Departamento de Serviço Social)
203.  Regina de Paula Medeiros (Departamento de Ciências Sociais)
204.  Ricardo Ferreira Ribeiro (Departamento de Ciências Sociais)
205.  Rita de Cássia Liberato (Departamento Ciências Sociais)
206.  Rita de Cassia Lucena Velloso (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
207.  Roberlei Panasiewicz (Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião)
208.  Roberta Carvalho Romagnoli (Faculdade de Psicologia)
209.  Robson Sávio Reis Souza (Departamento de Ciências da Religião)
210.   Rogério Felipe Santos Teixeira (Faculdade de Psicologia)
211.Rogério Joanes dos Santos (Faculdade de Psicologia)
212.    Ronaldo Abrão Pimentel (Departamento de Matemática)
213.    Ronaldo André Rodrigues da Silva (Departamento de Administração)
214.   Ronaldo Lares Peixoto (Departamento de Ciências Econômicas)
215.    Rosana Carvalho de Oliveira (Faculdade de Psicologia)
216.   Rosana Figueiredo Vieira (Departamento de Psicologia)
217.    Rosane Aparecida de Souza Guglielmoni (Departamento de Ciências da Religião)
218.   Rosélia Junqueira Carvalho Rodrigues (Departamento de Ciências da Religião)
219.   Rubem Gomes Pereira (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
220.  Salustiano Alvarez Gómez (Departamento de Ciências da Religião)
221.    Sandra Machado Fiuza (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
222.   Sandra Maria de Freitas (Faculdade de Comunicação e Artes)
223.   Sandra Maria Silva Cavalcante (Departamento de Letras)
224.  Sandra Pereira Tosta (Programa de Pós-Graduação em Educação)
225.   Sânia Maria Campos (Departamento de Economia)
226.  Selma Melo Miranda (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
227.   Sergio de Lima Saraiva Junior (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
228.  Sérgio Murilo Rodrigues (Departamento de Filosofia)
229.  Sheilla Brasileiro (Departamento de Educação)
230.  Silvane Catarina de Oliveira Carozzi (Departamento de Psicologia)
231.    Simone Costa Nunes (Departamento de Administração)
232.   Simone Soares Viegas (Departamento de Serviço Social)
233.   Solange Carmo (Departamento de Teologia)
234.  Sonia Aparecida Talamoni (Departamento de Ciências Biológicas)
235.   Stephen Silva Simim (Departamento de Ciências da Religião)
236.  Tania Cristina Teixeira (Departamento de Economia)
237.   Tânia Dias Jordão (Departamento de Ciências da Religião)
238.  Tatiana Soledade Delfanti Melo (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
239.  Teodoro Adriano Costa Zanardi (Departamento de Educação)
240.  Teodoro José Eustáquio de Oliveira (Departamento de Economia)
241.   Teresa Cristina Alvisi (Departamento de Fisioterapia)
242.  Teresinha Maria de Carvalho Cruz Pires (Departamento de Comunicação Social) 
243.  Terezinha Taborda Moreira (Departamento de Letras)
244.  Tiago Castelo Branco (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
245.  Valéria De Marco Fonseca - Departamento de Filosofia
246.  Valéria Silva Freire de Andrade (Departamento de Psicologia)
247.  Vander Aguiar (Departamento de Administração)
248.  Vanderlei Lopes Barbosa - Ciências Contábeis
249.  Vânia de Fátima Noronha Alves (Departamento de Educação)
250.  Vera Lopes (Departamento de Letras)
251.    Vicente Geraldo Amâncio Diniz de Oliveira (Departamento de Filosofia)
252.   Victor Rene Villavicencio Matienzo (Departamento de Ciências da Religião)
253.   Viviane Maia Mendes Ribeiro (Faculdade de Comunicação e Artes)
254.  Viviane Zerlotini (Departamento de Arquitetura e Urbanismo)
255.   Wellington Teodoro Silva (Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião)
256.  Werbert Cirilo Gonçalves (Departamento Ciências da Religião)
257.   William César Castilho (Faculdade de Psicologia)
258.  Yonne de Souza Grossi (Departamento de Ciências Sociais)