sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Ouro de Tolo

A pirotecnia – recurso utilizado em doses cavalares pelas elites, mídia e justiça desde 2014 - não resolve a decadência de um sistema apodrecido. Neste sentido, a mais recente pirotecnia, a prisão de Cunha, funciona como uma espécie de "ouro de tolo": esconde a motivação real, porque, muito provavelmente, será usada como lenitivo à prisão de Lula. Ademais, é uma tentativa de se passar à opinião pública a impressão que o judiciário é isento e isonômico e vivemos na normalidade democrática. Ou seja, trata-se de dar sobrevida a um governo golpista e um projeto de sociedade caquético, podre, elitista e excludente.

Não nos iludamos nas promessas de falsos alquimistas. Após a carta publicada na Folha, nesta segunda, na qual o ex-presidente desafiou o judiciário da casa grande, não sobrou alternativa aos líderes inquisitoriais, muitos deles incrustados na justiça.

E, a pesquisa de intenção de votos colocando Lula na dianteira da disputa em 2018, também divulgada nas redes sociais, prova que, apesar da globo golpista e suas sucursais, o povo não engoliu o enredo golpista. Portanto, resta àqueles que usurpam do poder sufocar qualquer liderança que inviabilize o projeto golpista.

Lula, inteligentemente, mesmo acuado, consolidou com o artigo a narrativa acerca da excepcionalidade e seletividade da sina persecutória e justiceira que abate sobre si.

O ex-presidente argumentou, também, que sua prisão tem como principal objetivo enterrar os desejos e esperanças de um povo; uma nação; um projeto de país mais justo, igualitário e onde caibam todos os brasileiros e brasileiras. Neste ponto, registrou as relações imbricadas da trama golpista, envolvendo as elites (políticas, midiáticas, empresariais e parlamentares), segmentos da justiça e os interesses alienígenas que patrocinaram tal empreitada.

Objetivamente, ao rejeitar qualquer proposta para escapar dos justiceiros, Lula criou as condições para a resistência ao estado de exceção em franca expansão no país.

Para os golpistas resta agora somente o velho recurso da "lei e da ordem".