sexta-feira, 18 de março de 2016

Uma manifestação com cheiro, cor, suor e sabor de povo


Todos têm direito de se manifestarem nas democracias. Mas, nem todos podem falar que determinada manifestação representa o povo ou os interesses populares.

Certamente, pelo seu perfil e pauta elitistas, as manifestações domingueiras não representam o conjunto da população brasileira, apesar de serem legítimas...

Pois bem: hoje fui à manifestação em defesa da democracia; contra o golpe da direita (de ontem e de sempre); na defesa de um governo legítimo; contra a parcela da justiça que só atende a Casa Grande; exigindo a ampliação de políticas sociais e afirmativas; em favor da proteção ao patrimônio nacional.

Essa, sim, é uma manifestação popular. Com povo nas ruas:


Lá, encontrei trabalhadores do campo e da cidade; profissionais liberais; desempregados, sem-teto e moradores de rua.

Encontrei militantes de movimentos sociais, pastorais, étnicos, feministas, culturais...

Encontrei com as juventudes, notadamente a juventude mais pobre, negra e sofrida. Gente alegre e lutadora, batendo seus tambores e exibindo suas faixas. Querem a ampliação dos programas sociais e de ação afirmativa e uma escola pública de qualidade, para todos e todas.

Encontrei com amigos e amigas da comunidade LGBT. Eita gente guerreira que luta contra o preconceito e a discriminação diuturnamente.

Encontrei com religiosos e religiosas de várias denominações que louvam o Cristo que vive no meio dos pobres. Que são mansos como pombas e prudentes como serpentes... (Aliás, vi uma jararaca sendo carregada por manifestantes).

Encontrei gente de partidos variados. Obviamente, partidos que têm compromisso com o Brasil e a democracia; apesar de vicissitudes que há em todos os partidos. 



Também conversei com intelectuais, pesquisadores, sindicalistas e pequenos empresários - que enxergam para além do seu bolso e seu nariz. E que pensam no país e no seu povo; não em Miami.

Encontrei com artistas famosos, não tão famosos e também artistas das ruas. 

Gente de todas as idades, etnias, cores e credos. ESSE É O POVO BRASILEIRO. Multiétnico, com suas diferenças e sua criatividade. Vida que pulsa... Gente lutadora e que não tem medo de enfrentar a vida... e as batalhas!



Se tem alguém com um carrinho de criança, com uma sacola ou um bengala, todos se dispõem a ajudar e são solidários. Todos andam no mesmo passo e compasso... Quem vai atrás não precisa ir cabisbaixo. Todos se tratam como iguais...

Se tem alguém com algum problema, todos se dispõem a ajudar. Porque a vida do povo é assim: solidariedade, partilha, alegria, suor e lágrimas. E uma cervejinha gelada, também. Porque ninguém é de ferro.

Mas, com certeza, não vi uísque e nem champanhe. Isso é bebida de gente de um outro Brasil.

Até mesmo a Polícia Militar, desta vez, está de parabéns. Fez o que se espera de uma instituição cujo dever é proteger a vida, as pessoas, as liberdades, as garantias constitucionais. E, não o patrimônio ou o direito de alguns em detrimento dos demais. 

Manifestação popular é assim: tem solidariedade, partilha, alegria. 

Tem gosto, cheiro, cor, suor e sabor de gente... 

E tudo termina com ato cultural: é MPB, samba, funk e um banho na praia da estação. Porque alegria é melhor que ódio.

Essa sim é uma manifestação do povo; com cara do povo. Expressa aquilo que o conjunto majoritário da população deseja. 

UM PAÍS DE E PARA TODOS E TODAS!