Em mais um nocaute na mídia empresarial nativa - que optou pelo discurso único, partidário, odioso e que beira o fascismo -, o jornal Le Monde provou que há uma imprensa democrática, que respeita e valoriza a pluralidade de ideias, opiniões e projetos políticos.
Na sua edição eletrônica, o jornal publicou uma entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacando na manchete a voz do entrevistado (“Lula diz que está pronto para assumir o poder em 2018”) e não a visão sempre enviesada da mídia tupiniquim que insiste em transformar a opinião publicada em opinião pública, elegendo seletivamente os bodes expiatórios e protegendo a gangue golpista que tomou de assalto o poder em 2016, “com o Supremo, com tudo”.
Aliás, nessa democracia de faz-de-conta à brasileira, de forma ridícula, é a mídia empresarial que tem determinado a pauta da política nacional nos três poderes. Como já escrevemos aqui, o que a mídia publica no final de semana transforma-se automaticamente na agenda institucional dos podres poderes dessa republiqueta. E que se dane o povo e as regras mais basilares até mesmo da democracia procedimental. Nessa ordem, hoje no Brasil há de fato três poderes: o poder do dinheiro, o poder da mídia e o poder dos golpistas.
Chama-me atenção não somente o texto honesto, sem adjetivos, publicado pelo Le Monde mas, principalmente, a foto selecionada para ilustrar a matéria (imagem ao lado). Ao invés dos estereótipos depreciadores, violentos e despudorados da imagem do ex-presidente publicados em doses cavalares pelos veículos da mídia nacional, o jornal francês estampou uma fotografia de um líder político descontraído e elegante. Certamente, o periódico francês não segue a cartilha de Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, que transformou valores culturais e políticos dos alemães em poções de ódio a alimentarem o mais perverso regime político da história do Ocidente. E todos conhecem o fim dessa história. Não é por coincidência que alguns discursos de fascistas retumbam atualmente na mídia tupiniquim.
Enquanto isso, o monumental escândalo de corrupção no futebol internacional, encabeçado pelas organizações globo, é solenemente desprezado pela emissora dos Marinhos e pelos seus parças da mídia nacional. Quanta hipocrisia!
Não é preciso ser eleitor, simpatizante ou militante do PT e de Lula para reconhecer as qualidades do ex-presidente, sua importância para a história política nacional, sua imensa base eleitoral popular (que merece respeito) e seu legítimo interesse em participar e disputar o poder. Basta ser honesto e democrático.
Honestidade e espírito democrático: duas virtudes pouco cultivadas pela mídia e por parte da justiça brasileira, lamentavelmente.
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