Abrem-se as
cortinas: as festas momescas chegaram... Tempo de devaneios... e de um pouco de
ironia também.
Como não sou
um devoto de Momo, aproveito da ocasião para tratar de fantasias... reais.
Num país de
faz-de-conta um bando tomou de assalto o poder. Retiraram do trono a
rainha-mãe, uma mulher honesta, e entronaram no seu lugar um príncipe-sapo,
também conhecido como “bode velho”, porque era casado com uma donzela arranjada.
Cercado por
uma camarilha de malfeitores, o sapo gostava de “caju”; tinha como animais
prediletos um gato “angorá” e um “caranguejo” e como principal estrategista um
aprendiz de aviador, apelidado de “mineirinho”.
No longínquo
reino, inquisidores midiáticos e nos tribunais abençoaram o golpe, regado por
dinheiro de empresas que tinham como logomarca uns patos amarelos.
Um poderoso
tio dos bandoleiros, conhecido como "tio-sam", ajudou (e muito) nas
estratégias da empreitada do bando golpista.
A corja, com
farta representação nos três poderes do reino, tinha milhares de bobos da
corte, entorpecidos por poções ora homeopáticas, ora cavalares de uma
deusa-platinada: alguns, que se autointitulam do "movimento do país
livre", gostavam de bater panelas inox nas janelas de seus belos aposentos
para defender heróis pré-fabricados (que na vida real eram vilões); outros,
promoviam passeatas contra a ampliação de direitos da turma dos subalternos;
detestavam a ideia de justiça e igualdade entre os habitantes do reino e pregavam
o ódio em relação aos outros - porque se achavam superiores, acima do bem e do
mal, cidadãos de ben$. Não percebiam que estavam a cavar para si um precipício;
achavam que o buraco seria somente para a turma do andar de baixo.
Usando da
velha política do panis et circenses,
a turba dos golpistas no poder entupia a mídia com dinheiro público para
entreter o povo. Até renomados cientistas da academia dos escolarizados do
reino pregavam em programas globais que as instituições funcionavam plenamente:
ficaram conhecidos como os fiadores de uma democracia de faz-de-contas...
O bando dos
larápios imprimia uma política recessiva no reino: de propósito, provocavam o
desemprego em massa para atender ao clamor das empresas do pato amarelo, com o
objetivo de derrubar os salários e criar as condições objetivas para estuprarem
a constituição que garantia direitos a todos. Eram saudosos do tempo no qual o
reino ainda tinha escravos.
Os
sanguessugas no poder esbravejavam a necessidade de "reformas". De
fato, queriam derrubar a casa para construir uma choupana. Afinal, eram os
donos do pedaço e falavam que pobre existia para mendigar ou viver de favores.
Isso agradava, inclusive, o espírito cristão dos golpistas.
Aliás, com o
apoio de uma tal “teologia da prosperidade”, que pregava um deus que abençoa somente
os endinheirados, os golpistas também tinham as bênçãos de religiões-mercado.
Por isso, não parecia um escândalo o fato de líderes religiosos posarem em selfies amistosos com o príncipe-sapo.
No país de
faz-de-conta havia convulsões: as polícias, os presídios, os sistemas de
seguridade social estavam à beira de um colapso. Mas o príncipe e seu ex-ministro
plagiador, assunto à mais alta corte da justiça (e que gostava de um barco
intitulado de "boate do amor"), achavam que resolveriam tudo com o
báculo militar, se preciso fosse.
No país de
faz-de-conta não havia limites morais e éticos: bandoleiros eram altas
autoridades e governantes; juízes eram deuses; mídia era tribunal; sonegadores
e corruptos de carteirinha eram conselheiros do príncipe. E tudo parecia
funcionar normalmente...
Na época da
"festa da carne" sobrava para o povo o velho recurso da ironia como
lenitivo a zombar da corja no poder. Afinal, naquele país a educação, cumprindo
sua missão docilizadora de mentes e corações, sempre ensinou ao povo a se
limitar à ironia momesca e nunca questionar sua condição de vida, com vistas a
transformar a realidade...
E, assim, num
mar de hipocrisia e podridão, todos pareciam ser felizes... para sempre!
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