Charge: Aroeira |
Em artigo
recente, publicado aqui
fiz algumas críticas ao falecido ministro Teori Zavascki. Entre elas, que o
eminente membro do STF ao postergar o afastamento de Eduardo Cunha da
presidência da Câmara tornou-se peça fundamental para a consolidação do fajuto impeachment de Dilma Rousseff.
No mesmo artigo fiz uma ressalva, que transcrevo:
Não quero crer que Teori tenha
agido dessa forma por vontade e decisão próprias. Acontece, que ele faz parte de um grupo altamente hermético que agiu, o
tempo todo, numa mesma direção.
E ainda
ponderei:
Talvez,
seu trabalho e suas qualidades técnicas e jurídicas poderiam se diferenciar dos
demais membros do STF justamente nesse momento, quando seu papel de relator se
tornaria central. E talvez, por isso mesmo,
tenha ocorrido esse estranhíssimo acidente. Mas, ambas as hipóteses dificilmente
poderão ser comprovadas.
Agora,
li um texto publicado no blog do Marcelo Auler, aqui,
reproduzindo um artigo do ex-ministro da Justiça, Eugênio Aragão. Nele, o
também subprocurador-geral da República afirma:
Mas, sou testemunha de que Teori não descansou.
Insistiu com os colegas semanas a fio na necessidade de se afastar Eduardo
Cunha. Só logrou, porém, sucesso depois de consumado o afastamento processual
de Dilma Rousseff no procedimento de impeachment que corria no congresso.
Sentiu-se mal por isso, mas não era dono das circunstâncias políticas que
dominavam aquele momento.
Tenho todos
os motivos para acreditar em Aragão e no seu testemunho. E, portanto, reconhecer
que, provavelmente, tenha produzido um juízo apresado sobre Teori Zavascki,
pelo menos nesse episódio.
Porém, o que
mais me chamou à atenção no texto do subprocurador-geral da
República foi a confirmação, cada vez mais cabal, que o STF não somente
criou todas as condições para o golpe como, também, sacramentou a vilania dos bandoleiros
da nossa democracia; dos rapineiros de 54 milhões de votos.
O Supremo,
desgraçadamente, está na mesma vala-comum dos demais poderes: sem honra e sem
créditos. Alguns de seus membros já perderam o pudor e sequer primam por manter
aparências.
São muitos
os fatos e evidências a indicarem, lamentavelmente, que os capa-pretas da mais
alta corte da justiça (aqueles que deveriam ser os guardiões da Constituição),
foram cúmplices, mais uma vez, de um golpe de estado, como já ocorrera antes,
em 1964. Como asseverou Fábio Konder Comparato, um dos juristas respeitadíssimo
(aqui),
a justiça em nosso país é um poder submisso às elites, corrupto em sua essência
e comprometido com a injustiça.
Temos
insistido sobre o papel estratégico que a juristocracia tupiniquim desempenhou
no golpe de estado (veja aqui).
Entre as muitas reformas que precisam
ser feitas para colocar o Brasil no patamar de uma república de fato, uma
delas, sem dúvida, é a do sistema de justiça.
A
Constituição Federal de 1988 – que produziu tantos avanços institucionais -
deixou de reformar três sistemas: policial, prisional e de justiça. Mera
coincidência?
Muito boa a abordagem, lúcida e verdadeira.
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