Os dramas do
impedimento da presidenta Dilma para o Brasil vão muito além da
superficialidade do que se pode viver nas formalidades da política. Atingem, no
caso da nossa nação, mais uma vez o coração do sentido da política para cada brasileiro
e brasileira. O golpe contra a democracia perpetrado em Dilma, incide
diretamente sobre uma visão social para o Brasil. O direitismo assume isso sem
nenhum tipo de vergonha, na escola sem partido, na falta de incentivo à
educação, na proposta de diminuir direitos de trabalhadores, na diminuição do
SUS (entenda-se extinção) e pior: desqualifica a linguagem da esquerda enquanto
linguagem que opta pelos mais fracos e excluídos.
O que tenta a direita, com isso,
é acabar com uma narrativa que é essencial para a vida política, destruir a fé
na capacidade de lutar por direitos, por igualdade. Escracham à luz do dia a
defesa dos pobres como populismo barato e levantam a bandeira da tal eficiência
de sua gestão como forma de governo, um engodo pautado na defesa da
meritocracia como forma de regular a vida social. Isso termina por
constituir-se em uma das formas mais perversas de ideologia, ocultando toda a
responsabilidade social do Estado em procurar o resgate de dívidas sociais,
funcionado como entidade mantenedora da ordem necessário para funcionar bem a
usurpação dos mais fracos pelos mais fortes.
A destituição de Dilma é um
ataque certeiro desta posição ideológica rasteira, que arrasta, inclusive, uma
boa massa jovem desacautelado que repete o refrão “fora Dilma” com orgulho e a
crença pueril de dominar o processo em questão, manobrada com habilidade pela
grande mídia, como há algum tempo não se fazia. Por isso, a batalha é não
deixar os agentes de tamanha bestialidade roubarem o patrimônio da “política da
fé”. Com boa vontade, e com valores e ética, sabe-se que existe uma “política
da fé”. Esta é aquela ancorada no discurso sobre a indignação ética, alma da
esquerda, não condicionada a legendas e partidos, mas envolvida em movimento
maior por um mundo justo, com a consciência de que a queda momentânea de
projetos históricos, em situações concretas, não são o fim da luta.
O fascismo atual não é outra
coisa que a soberania do direitismo como discurso, contra a “política da fé”. Cresce
à proporção que não se acredita em transformações sociais, que não se alimenta
sonhos de outra realidade para os pobres, para os injustiçados. E não se
acreditando em mudanças sociais, a ideologia da morte se aninha como solução
nas mentes e coração, de modo perigoso, pois consegue cravar no coração das
pessoas a ideia de que qualquer narrativa revolucionária é mentirosa, que todos
seus ícones são falsos e que é preciso derrubar tudo isso pela revisão
histórica do politicamente incorreto. A derrubada de Dilma faz parte dessa desmoralização
geral da “política da fé”. Destruir biografias vivas, da esquerda, é essencial
para continuar a desconstrução do utópico como motor da sociedade, em troca da
realidade do mercado, da vitória de uma pretensa técnica política que exige
sacrifícios dos pobres em proveito dos abastados, para crescerem seus negócios
e um dia os famintos poderem se alimentar de alguma sobra que caia de suas
mesas.
Que Dilma esteja fazendo sua
defesa neste momento é providencial. Sua vitória não está em barrar o golpe.
Sua vitória consiste, nesta exasperada encruzilhada do Brasil, em não deixar
morrer a “política da fé”, dos valores, da luta pela justiça, de impedir que
seus novos algozes, que sangram sua alma ao invés do corpo, tenham a
possibilidade de passar impávidos, como puros, como heróis aos olhos do Brasil.
O sucesso de Dilma é desmascarar a farsa e deixar para os anais da história sua
capacidade de empenhar a vida pela “política da fé” em um mundo mais justo, à
esquerda.
Verdade. Apostam na desmoralização da utopia onde todos teremos os mesmos direitos. Até hoje é a utopia que nos move, não aceitamos que tudo oque nos acontece é por que merecemos somos negros por que o destino quis como diz um certo deputado, nascer negro no Brasil é azar. E assim vamos em busca da nossa querida utopia, um novo céu e uma nova terra, onde todos comungam da mesma vida. Lutemos! só nos cabe isto.
ResponderExcluirVerdade, o que nos faz forte é a nossa utopia sonhamos com dias melhores para nós e os outros, nos preocupamos e nos movimentos em busca de atender ahá vários desatendidos. A utopia é uma política da fé, e só quem viveu as mazelas no corpo e na alma entende o que hoje passa a nossa presidenta eleita pela maioria, estamos na roda viva da utopia esperando dias melhores para nós e os outros. É hora de vencer mais esta batalha, temos ainda forças? Espero que sim!
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