A entrada
de Lula no governo Dilma é motivo de críticas ácidas à direita e à esquerda.
Para alguns, trata-se de “tábua de salvação”; para outros, o começo, para
valer, de um governo que atende as demandas de setores da esquerda. Uma
liderança que colocará em prática o plano de governo apresentado por Dilma aos
brasileiros na campanha de 2013.
O fato objetivo é
que, até agora, o aprofundamento da Operação Lava-Jato (que começou muito bem,
mas depois bandeou para a discricionariedade e arbitrariedade, com ações
seletivas do juiz Sérgio Moro, a omissão na correção de rumos pelos tribunais
superiores, a cobertura enviesada e criminosa da mídia nativa e a radicalização
dos discursos) derivou numa enorme erosão do sistema político. E, na
democracia, a anulação das instituições políticas abre caminho para todo o tipo
de aventura.
A bem da verdade,
todos estão perdendo com a situação atual. Ao contrário da papagaiada
midiática, que só atribui perdas para o PT, Lula e Dilma, o fato é que as
oposições não têm projeto de país e agenda capaz de suplantar a devastação
político-econômico-ética e encontra-se na mesma situação de desespero. Nesse
caos, perdem também as empresas, com o aprofundamento da crise econômica; perde
a sociedade (e principalmente os mais pobres) com o aumento da inflação,
desemprego, etc. Somente um cego político ou um “fiel de partido”, incapaz de
enxergar para além do próprio nariz, pode aplaudir esse jogo no
qual todos, indistintamente, estão perdendo. Inclusive, o sistema de justiça, cada
vez mais questionado e deslegitimado pela ação inconsequente de alguns
magistrados e membros do Ministério Público, amparados, como sempre, pelo
sistema policial da casa grande.
A delação de
Delcídio acabou com as esperanças de alguns próceres da oposição de saírem ilesos
dessa guerra de destruição de instituições e de reputações. É hora de negociar
uma saída política e ética para o país.
Pois bem: Lula, com
seus defeitos e qualidades, tem ainda um grande capital político. Não obstante
a desconstrução fascista de sua imagem pela mídia e por setores obtusos da
oposição, pesquisas de opinião não deixam dúvida de sua liderança. E uma das
virtudes de Lula é, exatamente, sua capacidade de negociação. Até mesmo as
oposições reconhecem seu carisma nessa ceara.
Não esperemos por
milagres. Nem atribuamos a Lula a missão quixotesca de resolver sozinho o
imbróglio atual. Mas, a sua entrada em cena poderá serenar os ânimos.
E, se os principais
atores políticos tiverem um pouco de juízo e pensarem no Brasil, e não nos seus
interesses pessoais, corporativos ou imediatos, o ex-presidente poderá se
tornar peça fundamental na costura de uma aliança para a superação da
crise pela via da política, ao invés da saída judicial ou policial.
Todos poderão ganhar. Inclusive as
oposições que terão tempo para saírem do furacão e do discurso vazio,
oportunista e virulento e, com responsabilidade, poderão elaborar um projeto
para o país. E disputa-lo no tempo certo; ou seja, nas eleições de 2018.
Por fim, não podemos aceitar que um juiz de primeira instância pode tudo,
inclusive violar a lei, impunemente. Será que as instâncias superiores do
judiciário (que poderiam controlar arroubos autoritários) estão covardemente
amedrontadas e imobilizadas pelo tribunal supremo midiático e reféns da opinião
publicada? Se isso ocorre, a justiça brasileira está flertando com a ditadura
da toga.
Se quisesse agir dentro da legalidade, o Sérgio Moro sequer
autorizaria a gravação. E, no limite da irresponsabilidade, enviaria a gravação
para o STF analisar e tomar providências.
Na democracia, a imprensa, notadamente a rede globo, e o
judiciário não são partidos políticos.
Sérgio Moro quer fazer justiça com as próprias
mãos. Comporta-se como um fora da lei. Isso é inaceitável e repugnante!
Lembrar de Ruy Barbosa é importante: "a pior
ditadura é a do judiciário".
Isso.
ResponderExcluirPatricia Duarte