A duas semanas das eleições
e na iminência do campo progressista disputar o embate do segundo turno com um
extremista (com altíssimos índices de rejeição), fica cada vez mais claro que o conglomerado golpista, rejeitado solenemente
pelo eleitor, prepara alguma tramoia para as vésperas do primeiro turno do pleito.
Qual o objetivo da provável
armação? Colocar um candidato que apetece a camarilha golpista no segundo
turno; ou inviabilizar as eleições, criando condições objetivas para um golpe
dentro do golpe (via judiciário ou Forças Armadas).
O poder judiciário – que já
promoveu todas as lambanças possíveis na disputa eleitoral -, qual rei nu
recolheu-se envergonhadamente e, neste momento, encontra-se na moita, salvo
alguns arroubos de torquemadas aqui e acolá. Passou o bastão das tentativas de
usurpação da soberania popular para vozes roucas que ecoam da caserna.
Os tiros de verde-olivas
disparados via twitter ou via mídia empresarial
golpista saíram pela culatra, até agora. A cada rajada de truculência que sai da
boca de um general, o povo responde e reage com altivez, a demonstrar que não aceita a
substituição de togas por fuzis na disputa eleitoral. (E em se tratando de fuzis, as ações de uma
companhia armamentista brasileira dispararam nos últimos dias, diga-se de passagem).
Restam agora as manchetes
de final de semana das revistas agourentas ou alguma edição extraordinária do
folhetim global travestido de jornalismo. Aguardemos!
É preciso observar com
atenção alguns movimentos estranhos: um deles é a prorrogação, pela Polícia
(às vezes política) Federal do inquérito que apura a facada no candidato que flerta com
o fascismo. O resultado da apuração sairá às vésperas do primeiro turno. Alguém duvida que
nesse angu pode haver caroço do grosso?
Outro sinal vem de institutos
de pesquisa: divulgação de dados à meia noite e notas explicativas de
metodologias de sondagem deixam transparecer o velho e malfadado ditado: “os números,
se torturados, tudo confessam”.
E por falar em tortura, o
silêncio sepulcral das cúpulas de instituições que se dizem democráticas, inclusive
no campo religioso, e convivem pacificamente com um candidato que prega, como
plataforma de governo, a violência extrema contra segmentos vulneráveis e até
mesmo a eliminação do “inimigo” explicita que as elites nacionais,
definitivamente, não têm nenhum compromisso com o preambulo da Constituição
Federal de 1988 que prega: instituir um Estado
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a
igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na
ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias.
Nesse sentido, um discurso
de ocasião, o da “polarização”, substituiu, momentaneamente, o discurso da “corrupção”
para esconder o que realmente interessa: a luta de classes, sempre silenciada quando
o andar de baixo resolve sublevar-se contra os históricos carrascos e feitores
da Casa Grande. Sintomaticamente e quase em uníssono, os vários grupos de elite
resolveram adotar o discurso da polarização na tentativa de viabilizar um
candidato que disputa os despojos do golpe de 2016 e representa os interesses daqueles que historicamente sempre lucraram, real e simbolicamente, com uma sociedade marcada pela abissal desigualdade social e violência estrutural.
O fato: o conglomerado que
articulou e implementou o golpe usará de todas as estratégias possíveis e
outras tantas inimagináveis para não perder o poder central.
E ao que tudo indica, se não
conseguir seu intento via armações de última hora às vésperas do primeiro turno, nem emplacar um preposto na disputa eleitoral, questionará o resultado das urnas,
a repetir a aventura de Aécio, em 2014, que lançou o país num poço sem fundo...
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