Assembleia Professores PUC Minas |
Em Assembleia ocorrida na noite desta terça-feira, 08.11, professores da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) aprovaram por unanimidade um manifesto a favor das ocupações estudantis, e contra a PEC 55, a reforma do ensino médio e o projeto escola sem partido.
No documento, os docentes informam que "decidimos trazer
a público este manifesto, em que apresentamos a posição unânime dos professores
presentes, relativamente à ocupação estudantil nesta Universidade, bem como acerca
das razões que embasam movimentos semelhantes em todo o País: não podemos nos
omitir em face dos graves riscos e consequências que se delineiam com a tentativa,
por parte do Governo Federal, de que seja aprovada a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 55/2016, que se encontra no Senado, tendo recebido o parecer
de inconstitucional pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Consultoria Legislativa da
casa, após aprovada na Câmara dos Deputados, como PEC 241."
Numa defesa à educação, os professores dizem que "a escola, pública ou privada, é do povo. A universidade, pública ou privada, é do
povo. A educação é um direito universal e constitucional. Repudiamos, nesse
sentido, as ações de censura e violência – física e verbal – que, infelizmente, insistem
em ser a marca de setores que ora se encontram no poder – midiático, jurídico,
governamental."
Sobre o projeto de reforma do ensino médio e o projeto escola sem partido, o manifesto exige que os professores sejam ouvidos: "nossa luta, insistimos, é pelo direito de sermos ouvidos, de participarmos dos fóruns
de discussão dos destinos da educação brasileira, razão pela qual também nos
posicionamos frontalmente contrários à Medida Provisória nº 746/2016, que promove
alterações no Ensino Médio, e à proposta do Programa Escola Sem partido. Tais
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propostas configuram-se como pontos de vista unilaterais e, nessa medida, são
antidemocráticas, radicalmente contrárias à lógica da nossa própria Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LEI Nº 9.394), que se baseia no princípio do direito
universal à educação; na liberdade de aprender, de ensinar, de pesquisar e de divulgar
a cultura, o pensamento, a arte e o saber; no pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas".
CONFIRA, NA ÍNTEGRA, O DOCUMENTO:
MANIFESTO DE APOIO À OCUPAÇÃO
DOS ESTUDANTES DA PUC MINAS
Nós, professores da PUC Minas, reunidos em assembleia extraordinária da
Associação dos Docentes da PUC Minas (ADPUC), no dia 8/11/16, decidimos trazer
a público este manifesto, em que apresentamos a posição unânime dos professores
presentes, relativamente à ocupação estudantil nesta Universidade, bem como acerca
das razões que embasam movimentos semelhantes em todo o País.
Como educadores, pesquisadores e cidadãos, entendemos que não podemos nos
omitir em face dos graves riscos e consequências que se delineiam com a tentativa,
por parte do Governo Federal, de que seja aprovada a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 55/2016, que se encontra no Senado, tendo recebido o parecer
de inconstitucional pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas da Consultoria Legislativa da
casa, após aprovada na Câmara dos Deputados, como PEC 241.
Primeiramente, manifestamos nosso irrestrito apoio à corajosa iniciativa dos
estudantes da PUC Minas, que, sintonizados com as ações de milhares de outros
estudantes da educação básica e do ensino superior do Brasil, revelam seu forte
compromisso com os rumos da educação brasileira.
Do nosso ponto de vista, a legitimidade desse movimento é assegurada por duas
razões centrais.
Em primeiro lugar, porque a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) 55 não foi discutida pelos diferentes setores da sociedade brasileira mais
diretamente atingidos pelo que ali se propõe. Trata-se, nessa medida, de uma proposta
autoritária e a serviço de segmentos economicamente hegemônicos, que não
representam os interesses da sociedade brasileira.
Em segundo lugar, em razão de que a lógica que orienta a PEC 55, ao propor o
congelamento dos gastos públicos por 20 anos, não leva em conta os previsíveis
crescimentos da população e do PIB ao longo desse longo período. Isso,
irrefutavelmente, acarretará danos irreversíveis à educação e à saúde de nosso povo.
A escola, pública ou privada, é do povo.
A universidade, pública ou privada, é do
povo. A educação é um direito universal e constitucional. Repudiamos, nesse
sentido, as ações de censura e violência – física e verbal – que, infelizmente, insistem
em ser a marca de setores que ora se encontram no poder – midiático, jurídico,
governamental.
A luta dos estudantes é também a nossa luta. Exatamente por isso, manifestamos
nosso estranhamento ao pedido de reintegração de posse por parte da Reitoria da PUC
Minas. A nossa luta é a luta da sociedade brasileira, heterogênea, múltipla, plural,
desejosa de mais igualdade de direitos e oportunidades, e não de congelamentos que
beneficiarão apenas os grandes e que calarão, ainda mais, aqueles que, historicamente,
não são escutados: o povo brasileiro, sobretudo os pobres.
Nossa luta, insistimos, é pelo direito de sermos ouvidos, de participarmos dos fóruns
de discussão dos destinos da educação brasileira, razão pela qual também nos
posicionamos frontalmente contrários à Medida Provisória nº 746/2016, que promove
alterações no Ensino Médio, e à proposta do Programa Escola Sem partido. Tais propostas configuram-se como pontos de vista unilaterais e, nessa medida, são
antidemocráticas, radicalmente contrárias à lógica da nossa própria Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LEI Nº 9.394), que se baseia no princípio do direito
universal à educação; na liberdade de aprender, de ensinar, de pesquisar e de divulgar
a cultura, o pensamento, a arte e o saber; no pluralismo de ideias e de concepções
pedagógicas.
Aos que nos perguntam sobre a legitimidade de movimentos de ocupação das escolas
ou universidade privadas, respondemos: a educação é um bem universal. Seja
promovida por escolas públicas, por instituições de ensino superior comunitárias,
como é o caso da PUC Minas, ou por IES privadas, a educação é um bem social,
cultural, que deve ser garantido a todos, universalmente.
Em um contexto em que
princípios constitucionais basilares, previstos pela LDB, são fortemente golpeados por
uma agenda culturalmente conservadora e economicamente liberal, não cabe investir
na separação de interesses entre instituições públicas e privadas de ensino, mas sim na
defesa inegociável dos princípios que professamos: igualdade de direitos, inclusão de
todos, compromisso com o bem comum.
A escola, a universidade, a ciência, a educação e o Brasil são de todos.
Não podemos
nos omitir diante de forças que se organizam no sentido de preservar esses bens
comuns na lógica do patrimonialismo, do privatismo. Mais dos que isso, neste
momento de profunda crise econômica, social e política, não podemos permitir que o
direito à educação seja negociado entre alguns grupos sociais, em detrimento da sua
longa história de restrições orçamentárias, de lutas e de conquistas sociais.
Especialmente neste momento de crise, a educação deve ser considerada uma
prioridade no processo de formação humanística, científica, cultural, profissional,
integral do nosso povo.
A proposta de emenda à Constituição (PEC 55/2016), que quer instituir um novo
Regime Fiscal, no âmbito dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União,
para os próximos 20 anos, a Reforma do Ensino Médio, com base em uma medida
provisória (MP 746/2016), e o projeto de lei Escola Sem Partido (PLS 193/2016) são
iniciativas políticas dos poderes executivo e legislativo que, certamente, merecem do
cidadão brasileiro, dos professores de todos os níveis de ensino e dos estudantes,
secundaristas e universitários, uma franca e concreta oposição.
Em função disso,
reiteramos o nosso concreto apoio às ocupações estudantis, que, neste momento, de
maneira corajosa, criativa e socialmente responsável, ocorrem em todo o Brasil e,
particularmente, à que ocorre em nossa PUC Minas.
Como professor aposentado, orgulho-me da PUC-Minas num momento desses.
ResponderExcluirPedro A. ribeiro de Oliveira