Nota aprovada pelo Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), alerta que falência e ineficiência do
sistema prisional “não podem levá-lo à privatização”.
O texto foi
apresentado a jornalistas pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da
CNBB dom Leonardo Ulrich Steiner em reunião realizada nos dias 24 e 25 de
novembro. Considerando que o atual sistema prisional mostra-se falido e incapaz
de cumprir suas finalidades institucionais, o comunicado alerta que tal
ineficiência.
Durante a última reunião do Consep, o assessor jurídico da Pastoral Carcerária, Paulo Cesar Malvezzi Filho, apresentou aos bispos a luta da Pastoral Carcerária contra a pressão de grupos econômicos no Senado Federal para a aprovação do PLS 531/2011, que estabelece normas gerais para a contratação de parceria público-privada para a construção e administração de estabelecimentos penais. Segundo Paulo, nos presídios onde a privatização ocorreu as condições pioraram.
Leia a nota da CNBB na íntegra:
NOTA
DA CNBB CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DO
SISTEMA
PRISIONAL
“Eu estava na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25,37)
“Eu estava na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25,37)
O Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido em Brasília, nos dias 24 e 25 de novembro de 2015, acompanha, com preocupação, a tramitação, no Senado Federal, do PLS n.º 513/2011 que estabelece normas gerais para a contratação de parceria público-privada para a construção e administração de estabelecimentos penais.
Segundo dados do Departamento
Penitenciário Nacional, a população carcerária do Brasil ultrapassa o número de
600 mil pessoas. Percebem-se escassos sinais de melhoria que atendam à
finalidade de reinserção social dos apenados. Ainda permanecem graves violações
de direitos e garantias fundamentais.
O atual sistema prisional,
competência do Estado brasileiro, mostra-se falido e incapaz de cumprir suas
finalidades institucionais.
Afirma o Papa Francisco e nós
bispos com ele: “É doloroso constatar sistemas penitenciários que não buscam
curar as chagas, sarar as feridas, gerar novas oportunidades. (…). É sempre
mais fácil encher os presídios do que ajudar a andar para frente quem errou na
vida (…). Neste período de detenção, de modo particular, é necessária uma mão
que ajude a reintegração social, desejada por todos: reclusos, famílias,
funcionários, políticas sociais e educativas. Uma reintegração que beneficia e
eleva o nível moral de todos” (Papa Francisco).
A ineficiência do sistema
prisional não pode levar à privatização. O ser humano jamais pode ter sua
dignidade aviltada, pois lucro e pena não combinam. Um sistema carcerário
privatizado abre possibilidades para mais e maiores penas.
Portanto, os Bispos deste
Conselho manifestamos nossa rejeição ao PLS n.º 513/2011 e às propostas
tendentes à privatização do sistema prisional brasileiro ou de parte dele.
Pedindo ao Pai de bondade sua
proteção misericordiosa para todos, manifestamos nosso apoio irrestrito à
Pastoral Carcerária, em sua missão de anunciadora da Boa Nova e defensora da
dignidade da pessoa encarcerada.
Brasília, 25 de novembro
de 2015
Dom Sergio da
Rocha Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de Brasília-DF Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA
Arcebispo de Brasília-DF Arcebispo de S. Salvador da Bahia-BA
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
Fonte:
CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
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