Sejamos
honestos: vamos acabar com a corrupção no Brasil? Que tal começarmos agora esta
grande empreitada!
Há um
clima de revolta pairando no ar. Todos a apontar o dedo: político é tudo igual;
político é corrupto.
É
verdade: a política institucional, aquela que ocorre nos partidos e nas
instituições do Estado, que depende cada vez mais do dinheiro privado para a
sua subsistência (e subserviência, diga-se de passagem), parece estar
chafurdada na corrupção.
Mas
lembremos: onde há corruptos, há corruptores. Por isso, é alvissareiro observar
que, pela primeira vez na história deste país, empresários e políticos poderosos
têm permanecido por mais de 24 horas na prisão, apesar de um Judiciário tão
seletivo, patrimonialista e elitista como o nosso.
Aliás,
a melhor pena para um corrupto nem seria a prisão. Para aqueles que roubam, a
devolução em dobro daquilo que foi surrupiado seria uma reprimenda que
beneficiaria muito mais a sociedade. Isso seria possível, se trocássemos a
justiça vingativa pela justiça efetiva.
Porém,
a quem interessa a criminalização da política? As democracias consolidadas
apontam a política como único caminho seguro para a efetividade de um estado de
direito.
Por
isso, vamos deixar a hipocrisia de lado e vamos falar da corrupção como ela é,
para além da corrupção que ocorre na política institucional.
O cinismo, bem
característico da nossa cultura, nos autoriza a apontar o dedo para os outros. Mas,
estaríamos dispostos a nos submeter ao teste da corrupção?
A
palavra corrupção vem do latim corruptus,
que significa “quebrado em pedaços”. Corrupção é a ação ou efeito de corromper;
de subornar (dar dinheiro) uma ou várias pessoas em benefício próprio ou em
nome de outra pessoa ou de um grupo; é a utilização de recursos que, para ter
acesso a informações confidenciais e privilegiadas, pode ser utilizado em
benefício próprio. É alterar as propriedades originais de alguma coisa: plagiar
um livro, por exemplo. É a ação de decompor ou deteriorar; putrefação:
corrupção das frutas. Corrupção é também o desvirtuamento de hábitos; devassidão
de costumes e pode ainda ser definida como utilização do poder ou autoridade
para obter vantagens e fazer uso do dinheiro público para o seu próprio
interesse, de um integrante da família ou um amigo.
O
cinismo, bem característico da nossa cultura, nos autoriza a apontar o dedo
para os outros. Mas, estaríamos dispostos a nos submeter ao teste da corrupção?
Então,
vamos lá:
·
Você que é comerciante e embute um lucro enorme
nas suas mercadorias: você é um corrupto;
·
Você que é banqueiro e cobra juros escorchantes
nos empréstimos: você é um corrupto;
·
Você que gosta de “furar fila” e andar pelo
acostamento: você é um corrupto;
·
Você que usa de influência para favorecer um
amigo ou parente seja no serviço público ou privado: você é um corrupto;
·
Você que é dono de veículo de comunicação - que
opera como concessão pública - e só divulga informação que interessa ao seu
grupelho: você é um corrupto;
·
Você que é jornalista e informa parcialmente,
distorce os fatos, manipula informação: você é um corrupto;
·
Você que faz “gato” para furtar água, luz,
telefone: você é um corrupto;
·
Você que tem poder (mesmo “pequenininho”) e
usa do poder para levar vantagem, oprimir, manipular: você é um corrupto;
·
Você que altera a balança, a bomba de
combustível e acrescenta ou retira algo que não consta dos ingredientes
descritos na embalagem de uma mercadoria: você é um corrupto;
·
Você que não paga impostos corretamente; que não
emite nota fiscal, que maquia dados contábeis de sua empresa: você é um
corrupto;
·
Você que não exige nota fiscal para livrar-se do
fisco: você é um corrupto;
·
Você que engana seu cliente vendendo um remédio
sem nenhuma efetividade: você é um corrupto;
·
Você que vende qualquer mercadoria prometendo
algo que o produto não oferece de fato: você é um corrupto;
·
Você que é médico e faz da sua profissão uma
extensão da indústria farmacêutica: você é um corrupto;
·
Você que é advogado e usa de sua profissão para
enganar e ludibriar o outro ou a Justiça: você é um corrupto;
·
Você que é líder religioso e não presta contas
de parte do dinheiro coletado para a igreja: você é um corrupto;
·
Você que é professor e enrola seus alunos: você
é um corrupto;
- Você que é aluno e "cola" ou põe seu nome no trabalho de grupo sem efetivamente participar: você é um corrupto;
·
Você que é funcionário público e usa seu cargo
para obter qualquer tipo de vantagem ou privilégio: você é um corrupto;
·
Você que é magistrado e está a serviço de
interesses escusos e não da justiça: você é um corrupto;
·
Você que é um profissional liberal e não cumpre
fielmente o Código de Ética da sua profissão: você é um corrupto;
·
Você que é pai ou mãe e que o tempo todo
ludibria seus filhos: você é um corrupto;
·
Você que não remunera adequadamente seus
funcionários: você é um corrupto.
Esta é
uma lista sem fim... E caso você não
tenha sido “contemplado” nela e esteja feliz porque, como todos os corruptos,
acha que ninguém sabe da sua corrupção cotidiana, não se vanglorie. A linha
abaixo está reservada para você engrossar a lista.
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No fundo, por ações, conivências ou omissões, fazemos parte dessa cultura de levar vantagem em tudo, mesmo com nossa consciência a nos dizer: “Eu só
cometo pequenos deslizes”.
Mas
sejamos honestos: vamos acabar com a corrupção no Brasil? Que tal começarmos
agora esta grande empreitada!
Obrigado Robson, por ajudar-nos a crescer em humildade autocrítica e lucidez cidadã!
ResponderExcluirOlá, Robson! Seu artigo é claro e objetivo, e vale ser lido!
ResponderExcluirMuito bom o texto!
ResponderExcluirUma provocativa necessária e bem contextualizada.
De acordo!
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