As
eleições, comumente, sempre renovam as esperanças de dias melhores...
Mas,
desde a eleição do capitão Jair Bolsonaro, em 28 de outubro, convivemos, a cada
semana, com supressas e sobressaltos. Para muitos, nada mais “natural”, em se
tratando de um presidente que não tinha um plano de governo claro, nem discutiu
com os eleitores suas propostas de ação. Afinal, a “facada salvadora” foi um
álibi perfeito para retirar do debate quem não tinha muito a apresentar à população.
Para
outros, esse “cheque em branco” ao eleito será o modus operandi do futuro governo que precisará do caos, do espanto,
do medo e da distração para implementar uma agenda ultraliberal, conservadora e
marcada pela violência seletiva contra grupos sociais.
Segue,
abaixo, uma breve síntese do que ocorreu até agora:
O
aparente todo-poderoso (cujas pernas parecem ser de
ferro e os pés de barro) reclama estar doente (principalmente quando é
colocado em xeque); é débil e visceralmente dependente dos filhos. Estes, por
seu tuno, são encrenqueiros de criação. Não sabem conviver com as diferenças e
a diversidade sociopolítica e cultural e acham que governar é entupir as redes
sociais de fake news a acionar um “exército”
de zumbis. Para complicar a vida de uma família que se apresentar como modelar,
a mulher foi pega recebendo um cheque suspeito do motorista, cuja movimentação
financeira, segundo o COAF, é incompatível com a renda do titular da transferência.
O
futuro chefe da Casa Civil, um político dos mais tradicionais - no sentido
pejorativo do termo -, foi descoberto como "cliente" de
caixa-dois. Mas, já foi indultado, porque é amigo do futuro superministro
da Justiça que o perdoou, depois do nobre deputado ter explicitado um cândido arrependimento
público.
Aliás, suspeita-se que o ex-juiz
que comandará a justiça e a segurança pública tenha chegado ao futuro cargo
depois de usar a toga para interferir no processo político e eleitoral,
retirando da disputa o candidato que tinha as melhores chances nas eleições
deste ano. Revelações do WikiLeaks dão
conta de uma estranha relação sua com órgãos do governo norteamericano. O futuro
xerife-mor, tão viçoso quando estava sentado numa cadeira de juiz, andou
correndo de perguntas de jornalistas nos últimos dias. Será que, sendo o chefe
do COAF, investigará a conta do motorista do chefe, cujos valores movimentados
dariam para comprar dezenas de pedalinhos ou reformar um apartamento?
O superministro da economia é um
especulador de ofício. Banqueiro de profissão, só pensa no andar de cima e já
foi acusado de falcatruas às custas de dinheiro público. É citado num esquema
de fraude em que ganhou 600 mil reais em dois dias de operação na bolsa de
valores, em 2004. Segundo a investigação, o esquema envolvia um fundo de pensão
ligado a funcionários do BNDES.
O chanceler é um religioso
fanático e infantil. Crê que Mao-Tsé-Tung está vivo; que comunistas, em pleno
século XXI, ainda comem criancinhas e, pasmem: que Trump é um enviado de Deus
para salvar a civilização ocidental.
O ministro da "educação” é
discípulo de um lunático boquirroto (muito inteligente, diga-se de passagem),
que se diz filósofo. Entre suas propostas inovadoras para o Ministério da
Educação estão o combate à doutrinação marxista e a eliminação da “ideologia de
gênero”: dois fantasmas que, simplesmente, não existem. Como se vê, é um gênio!
Em relação ao “filósofo”, que
também é guru do presidente e seu núcleo de poder, segundo a própria filha, ele
a impedia de estudar; cultuava a poligamia e hoje se refugia nos Estados
Unidos. Especializou-se em produzir vídeos para a doutrinação ultraliberal de brasileiros.
O futuro ministro do meio
ambiente, um filhote de think tank
norteamericano, é réu em ações por eventuais práticas de crime ambiental; quase
já foi preso por não pagar pensão alimentícia aos filhos e quando candidato à
deputado federal em São Paulo propunha a eliminação de javalis, da esquerda e do
MST, exibindo balas de um fuzil 30 ponto 60.
A bancada do partido do todo-poderoso,
antes de tomar posse, já partiu para a baixaria. Trata-se de um bando de
ególatras, panfleteiros e oportunistas, incluindo seus próprios filhos, uma
"jornalista" barraqueira especializada em produção e disseminação de fake news e uma advogada tresloucada,
conhecida pela “dança do fogo” – quando patrocinou o impeachment sem crime de responsabilidade de uma presidenta.
Em relação a futura ministra dos direitos humanos, seus vídeos de palestras na Igreja Batista da Lagoinha são suficientes para colocá-la no seu tempo: não estou certo se no século 13 ou 15.
Em relação a futura ministra dos direitos humanos, seus vídeos de palestras na Igreja Batista da Lagoinha são suficientes para colocá-la no seu tempo: não estou certo se no século 13 ou 15.
O grande farol a guiar o futuro governo
é o rei - cada vez mais nu - do império do Norte. Trump, um paranoico desmedido
- que sapateia feito barata tonta lutando para colocar as Américas de volta ao
seu quintal, enquanto a China amplia cada vez mais um novo império.
Com tanta dubiedade e esquisitice,
“pela primeira vez na história deste país”, teremos um governo que, mesmo contando
com a generosidade de seus patrocinadores (a mídia, os rentistas, banqueiros, latifundiários
e empresários, entre outros) já se iniciará tutelado pelas Forças Armadas e pelo
sistema de justiça da Casa Grande (que já tutelava a política há algum tempo).
E para completar o cenário, tudo é
abençoado por um bando de caçadores de níquel disfarçados de discípulos das
teologias da prosperidade e do domínio, saudosos de uma teocracia aqui nos
trópicos.
A bem da verdade, o desejo
mudancista de parte dos eleitores brasileiros - que desde 2013 vem
cobrando novos atores e autores à altura da política -, somado ao rancor e ódio
de parcela dos privilegiados desta nação acabou por lançar o país num “mato sem
cachorro”.
Então, feliz ano velho...
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