Se
não fosse trágico, seria cômico. O discurso oficial, velho e apodrecido, das
instituições da república e da mídia oligopolizada tenta, a todo custo, propagandear
uma pseudonormalidade enquanto o país pega fogo nas múltiplas reações contra um governo
que não tem compromisso com o povo e o estado de direito e seus aliados no Congresso e no Judiciário.
Mais
de 1100 instituições de ensino ocupadas; greves; uma estrondosa indignação
contra os usurpadores nas redes sociais; uma população que se afasta da velha
política e não cansa de mandar recados aos sabujos do dinheiro e do poder. E
tudo parece normal: a mídia nativa pauta a "torta de berinjela" enquanto "la nave va".
O
presidente-usurpador, esse vampiro à brasileira, tripudia dos trabalhadores e
do povo, dentro do Palácio do Planalto, para o gozo dos perversos que sustentam a coalização golpista. Como
escreveu recentemente o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão, “quando autoridades
se comportam como moleques, como moleques serão tratadas. Se adotarem discurso
e comportamento de botequim, não poderão se queixar quando começarem a voar
garrafas e sopapos.” Referia-se aos magistrados prepotentes; mas o recado vale também para
presidentes e parlamentares.
Mas,
voltemos nossa atenção para o executivo federal: um ajuntamento de interesseiros,
com as calças às mãos, borradas, sem saber o que ocorrerá no day
after caso Odebrecht ou Cunha resolvam abrir o bico.
Agora,
miremos o Congresso: uma turba, salvo exceções, de bandidos da pior qualidade.
Restaria,
então, algum consolo se, pelo menos, tivéssemos um judiciário íntegro. Mas, no
que se transformou o STF? Numa corte sem moral; de ególatras que não respeitam
a Constituição, nem o Estado de Direito. Um ajuntamento de pedantes que só se
preocupam com seus egos e seus umbigos.
O
golpe transformou o Brasil numa republiqueta das bananas. Quanto Temer vai ao exterior, é tratado com desdém e todos se afastam do impostor nas fotos oficiais. Uma vergonha monumental. Mas, a maior piada
nacional é o mantra midiático-caquético-institucional segundo o qual “as
instituições estão funcionando”.
O
governo não tem legitimidade; o Parlamento, idem. E, sejamos francos: o
Judiciário não pode virar um monstro perverso, maior do que já é. A juristocracia
é o pior dos mundos.
Nossa
esperança vem da rapaziada que dá uma lições de cidadania, inclusive para os
professores: são nas ocupações e nos movimentos sociais onde se aprende o que é
política, porque nosso sistema educacional se omite nesse quesito. E é por isso
que a direita fascista fala tanto em “escola sem partido”.
Ainda
bem que para compensar a musa destrambelhada do impeachment, aquela advogada ensandecida do establishment acadêmico, há muitas Anas Júlias que, enfrentando os
velhos políticos incrustados na Assembleia Legislativa do Paraná, a república
tirânica de Moro, disse em alto e bom som: É um insulto a nós que estamos lá
[nas ocupações das escolas], nos dedicando, procurando motivação todos os dias,
a sermos chamados de doutrinados. É um insulto aos estudantes, é um insulto aos
professores. A nossa dificuldade em conseguir formar um pensamento é muito
maior do que a de vocês. Nós temos que ver tudo o que a mídia nos passa, fazer
um processo de compreensão, de seleção, para daí conseguir ver do que a gente
vai ser a favor e do que a gente vai ser contra. (...) Vocês estão aqui
representando o Estado, e eu convido vocês a olharem a mão de vocês. A mão de
vocês está suja com o sangue do Lucas. Não só do Lucas, mas de todos os
adolescentes e estudantes que são vítimas disso.
É
do novo, dos jovens politizados – que tanto amedrontam os velhos esquemas
institucionais e seus operadores -, que virão as mudanças.
Quem ainda confia
nos caquéticos esquemas político-institucionais está fadado à desesperança.
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