Dom Darci José Nicioli |
Não sou
porta-voz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), nem do Vaticano. Mas, como cristão bem informado posso opinar
sobre a transferência do bispo auxiliar de Aparecida, Dom Darci José Nicioli,
para a Arquidiocese de Diamantina.
Ao
contrário das notícias divulgadas em variadas fontes, certamente fruto da
imaginação de seus autores, a transferência do prelado não tem nada a ver com o
lamentável episódio ocorrido no último domingo, quando Dom Darci numa missa no
Santuário Nacional de Aparecida, depois de falar em pisar a cabeça da serpente durante
a homilia, concluiu a oração dos fiéis dizendo: “Peça, meu irmão e minha irmã, a graça de pisar na cabeça da serpente.
De todas as víboras que insistem e persistem em nossas vidas. Daqueles que se
autodenominam jararacas. Pisar a cabeça da serpente. Vencer o mal pelo bem por
Cristo nosso senhor. Amém”.
Todos
interpretaram que se tratava de clara alusão a Lula. Dois dias antes da pregação do bispo, o ex-presidente havia se comparado a uma jararaca ao
comentar a operação da Polícia Federal que o impôs uma condução
coercitiva. Ironizando o fato, Lula afirmou que não mataram a “jararaca” pois
teriam acertado o rabo e não a cabeça.
A
transferência de Dom Darci já tinha sido decidida dias antes pelo Papa Francisco, acolhendo
o pedido de renúncia apresentado por Dom João Bosco Oliver de Faria, pelo fato
de ter completado 75 anos de idade, em conformidade com o cânon 401, parágrafo
1º, do Código de Direito Canônico. A mudança já tinha sido comunicada à Nunciatura
Apostólica brasileira e à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e se
realizaria independentemente do fato ocorrido no domingo, dia 06/03. Dizer que o Papa
Francisco interviu nesse caso é usar inadequadamente o nome de Francisco a
provocar mais cizânia. E isso não é correto. Serve somente para exaltar ainda
mais os ânimos...
E, por falar em Diamantina, essa Arquidiocese ficou muito conhecida no Brasil durante o episcopado de Dom Geraldo de Proença
Sigaud.
Dom
Sigaud empreendeu uma enorme cruzada contra o que denominava “a influência das ideias
comunistas no Brasil”. Tal empreitada levou-o a escrever uma Carta Pastoral, intitulada
“Catecismo Anticomunista”, com larga difusão no país. ( Veja aqui).
Juntamente
com Dom Antônio de Castro Mayer e Plínio Corrêa de Oliveira escreveram o livro
"Reforma Agrária, Questão de Consciência". Segundo os autores, uma reforma
das estruturas sociais levaria o Brasil rumo ao comunismo.
Dom
Sigaud foi um dos fundadores da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição,
Família e Propriedade (TFP). Nas décadas de 1960 e 1970 era um crítico ferrenho
do chamado clero progressista, confrontando-se em várias ocasiões com Dom
Hélder Câmara, chamado pela imprensa brasileira de “o arcebispo vermelho”.
Ainda na
biografia de D. Geraldo de Proença Sigaud consta sua nomeação como secretário
do Coetus Internationalis Patrum,
grupo liderado Dom Lefebvre, contrário as influências progressistas do Concílio
Vaticano II. Lefebvre e outros três bispos foram excomungados em 1988. Em 2009,
durante o pontificado do Papa Bento XVI, o Vaticano removeu a excomunhão dos
quatro prelados da Fraternidade São Pio X. (Veja aqui).
Que a
histórica Diamantina, com a chegada de Dom Darci, seja reconhecida daqui para
frente por outras histórias...
PS: a transferência de Dom Darci tem gerado todo o tipo de interpretação. Para uns, trata-se de promoção; para outros, de castigo. A bem da verdade, nem uma coisa; nem outra.
É importante esclarecer que nomeação ou a transferência de um bispo é um processo longo e bastante cuidadoso que envolve desde a consulta do clero, passando pela consulta ao episcopado de cada país, num procedimento coordenado geralmente pelas Nunciaturas Apostólicas (representações do Vaticano em cada estado nacional) , antes da definição do Papa. Assim sendo, diferentemente do senso comum e a não ser em casos excepcionalíssimos, o Pontífice nunca toma medidas dessa natureza de forma discricionária, numa canetada.
PS: a transferência de Dom Darci tem gerado todo o tipo de interpretação. Para uns, trata-se de promoção; para outros, de castigo. A bem da verdade, nem uma coisa; nem outra.
É importante esclarecer que nomeação ou a transferência de um bispo é um processo longo e bastante cuidadoso que envolve desde a consulta do clero, passando pela consulta ao episcopado de cada país, num procedimento coordenado geralmente pelas Nunciaturas Apostólicas (representações do Vaticano em cada estado nacional) , antes da definição do Papa. Assim sendo, diferentemente do senso comum e a não ser em casos excepcionalíssimos, o Pontífice nunca toma medidas dessa natureza de forma discricionária, numa canetada.
Agradeço os esclarecimentos. Em tempos tão tumultuados informações como estas apaziguam os animos
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