terça-feira, 29 de dezembro de 2015

2015 vai tarde. Para 2016 há sinais de esperança!


2015 dá seus últimos suspiros. Foi um ano terrível. Abateu-se em nosso país uma grave crise política, em meio a problemas econômicos, paralisando o Brasil.

A violência, que sempre determinou a “ordem” das relações sociais no Brasil, tornou-se o recurso utilizado em doses cavalares por setores conservadores que tentam reposicionar-se num cenário de disputas reais e simbólicas.  Não nos enganemos: a paz dos túmulos não existe mais. Dito de outra maneira, não haverá justiça social e igualdade no Brasil sem tocar nos privilégios historicamente acumulados. Não é possível alcançar a paz sem perder nada.

Na atual crise política brasileira, alguns elementos são mais ou menos evidentes. Como se não bastassem os limites da democracia representativa, temos poucos e frágeis mecanismos de democracia direta e participativa; uma cultura altamente individualista e pragmática; a criminalização da política pelos segmentos conservadores; a perversidade do mercado eleitoral (via  financiamento das campanhas); a burocratização e centralização partidária e o papel seletivo desempenhado pela mídia e pelo Judiciário.

Além desses elementos conjunturais, a configuração política brasileira apresenta elementos marcantes de uma longa tradição autoritária, centralizadora e elitista; a concentração de poder nas mãos de elites políticas tradicionais, a facilitar o clientelismo; a corrupção e o desvio de recursos públicos, um sistema eleitoral defeituoso, principalmente pelo abuso do poder econômico nas eleições; uma má organização partidária (extinção, fusão, multiplicação ilimitada de partidos e legenda; fidelidade; partidos pragmáticos ao invés de programáticos), além de outras questões como a da desproporcionalidade da representação política dos Estados no Legislativo Federal; a baixa (ou a não) representação de segmentos sociais (indígenas, negros, LGBT, mulheres) nos Parlamentos.

Outro fenômeno que ressurgiu nas últimas eleições foi um misto difuso de ódio e vingança, fazendo da disputa eleitoral uma verdadeira guerra, quando o processo democrático da escolha dos representantes deveria ser tão e somente um embate civilizado e respeitoso de ideias, opiniões e pontos de vista sobre os rumos do país. A quem interessa um país esfacelado?

A intolerância, o racismo, o preconceito – principalmente de matrizes socioeconômica e étnico-cultural -, o fascismo disfarçado de nacionalismo são alguns dos "demônios" que saíram do armário (porque lá sempre estiveram) e seus adeptos (que comportam como massa acéfala) querem se impor, afrontando a democracia: privilegiados que não aceitam uma sociedade que caminha, a passos lentos, rumo a igualdade de fato, para além da igualdade de direito. Grupos que querem continuar a ostentar velhos privilégios da Casa Grande. Apesar de escolarizados, são muito deseducados, porque negam a igualdade de direitos e desconhecem a história, dado que a conquista de direitos, mesmo lenta e gradual, é irreversível em qualquer sociedade minimamente democrática e plural.

Não há democracia numa sociedade estamental, como era o Brasil até bem pouco tempo. A igualdade de direitos faz parte do processo de consolidação da cidadania e é fundamento das democracias. 
Escolas ocupadas indicam que a juventude é sinal de esperança, apontando saídas...

Enquanto o Brasil encontrava-se nesse redemoinho, mais de 200 escolas no estado de São Paulo  foram ocupadas pelos estudantes, contrários a reorganização proposta pelo governo do estado.




Depois de mais de um mês de resistência e muita mobilização por parte dos estudantes e apoiadores dentro e fora das escolas, o governo tucano voltou atrás e suspendeu a reorganização.

Vitória da rapaziada. Dos que entenderam que escola é feita não para domesticar mentes e corações, mas para transformar vidas e realidades.

Em Goiás, estudantes ocupam 21 escolas, em quatro cidades, contra a implantação das OSs (Organizações Sociais) na rede pública de ensino do estado. Os estudantes estão informando o número de instituições ocupadas em páginas no Facebook. Nelas, eles pedem doações de alimentos e materiais de limpeza e higiene, além de apoio para as ocupações.

Será mera coincidência os governos do PSDB em São Paulo, Goiás, Paraná (e até bem pouco tempo em Minas Gerais) tratarem com tanto desdém a educação pública? Tropa de choque para professores e retaliação aos alunos... É para pensar.... e muito!

Uma rede de pessoas está sendo formada em São Paulo. A “Minha Sampa” é uma forma de mobilização independente, que não aceita nenhum recurso público ou de partidos políticos.

Vejam, abaixo, o belo clipe musical, com a participação de renomados artistas em apoio aos estudantes paulistas.



Que bela notícia no final de um ano ruim. Que essa rapaziada nos inspire em 2016. Vamos resistir contra aqueles e aquelas que, vidrados no retrovisor do passado, não deixam nosso país seguir em frente.


Feliz ano novo!